Foto: Arquivo CT

 

Foi sepultado no Cemitério Municipal de Três Pontas, na tarde desta segunda-feira (17), o corpo  de Haroldo de Souza Figueiredo de 93 anos, um dos fundadores do Jornal Correio Trespontano, que circula semanalmente há 39 anos ininterruptos. Familiares, amigos e admiradores do seu trabalho se despediram e lamentaram a grande perda para a imprensa da região.

Haroldo de Souza Figueiredo, nasceu na Fazenda Paraíso, município de Campos Gerais. Filho do agricultor João Urbano de Souza e América Alves de Figueiredo, tinha 11 irmãos, com os quais se mudou para a cidade de Boa Esperança assim que o pai resolveu vender a propriedade agrícola.

Em Boa Esperança iniciou seus estudos no Grupo Escolar Dr. Sá Brito, onde fez o curso primário. Naquela época todos tinham a responsabilidade de aprender uma profissão, e com 10, 12 anos já estava trabalhando. Nas horas livres ia com meu irmão para a tipografia e acabou gostando do ofício. Tinha completos seus 14 anos de idade e comecçou, então, a distribuir os jornais aos domingos, andando pela cidade das 5 da manhã até a hora do almoço.

Aos 15 anos o proprietário da gráfica o convidou para trabalhar em outro estabelecimento seu, uma papelaria. Ali ficou como caixeiro durante 5 anos, até constituir família com Darci Fagundes de Souza e comprar, do patrão, a tipografia, em sociedade com João Corrêa de Figueiredo e o irmão, José (Juca). A nova profissão passaria a filhos e netos. Ele viajava por toda a região em busca de serviços e fiquei conhecido em Campo do Meio, Campos Gerais, Guapé, Coqueiral, Varginha, Ilicínea. Essas viagens não eram fáceis, pois não havia possibilidade de ir e voltar no mesmo dia. Era preciso pernoitar e voltar no dia seguinte, pois não havia ônibus para tal. Numa dessas viagens, comprou uma tipografia em Campos Gerais – vendeu sua parte na de Boa Esperança – e se mudei, para lá com Darci, Carlos, Cleusa e Ana Teresa. Corria o ano de 1951 e deu à tipografia o nome de Santo Antônio. Durante os seis anos que ficaram em Campos Gerais, fez serviços para toda a região, inclusive para Três Pontas, onde existiam duas gráficas à época. Um deles era o jornal Correio Trespontano, editado pelo promotor Sílvio Pelico Piló e pelo projetista de cinema, Rojão. Os originais das matérias eram enviados pelo ônibus e ele levava o jornal pronto de jardineira, viagem que demandava mais de duas horas.

Haroldo acabou se transferindo com a família para Três Pontas em 1957, já com mais uma filha, Daysi, e onde havia duas gráficas: a do Veloso e outra de propriedade de Airton Rocha, a qual estava à venda. Vendeu a de Campos Gerais e comprou a de Airton. Aqui nasceu o outro filho, Haroldo Jr. Ele sempre carregou no coração durante todos estes anos: Boa Esperança, Campos Gerais e Três  Pontas. Daqui recebeu o “Título de Cidadão Honorário”.

Haroldo de Souza Figueiredo participou de quatro etapas do desenvolvimento da imprensa: em Boa Esperança, a impressora era a pedal. A montagem das páginas de um jornal era feita letra a letra, com tipos móveis, de chumbo, tamanhos e estilos diferentes; após veio a máquina de linotipo, onde se digitava como numa máquina de escrever; em seguida veio o nylonprint, já utilizando o computador e, finalmente, o sistema offset, hoje utilizado tanto por gráficas locais como grandes gráficas de cidades maiores.

Aposentado não abandonou seu ofício, que é foi a sua paixão. Editou no computador, o Jornal A Vanguarda, de Boa Esperança, do qual foi co-fundador. Foram editados ao longos dos anos por ele: A Vanguarda, desde 1945 até hoje; A Época, quando morou em Campos Gerais; Pombo Correio, já em Três Pontas, nos anos 60, em parceria com o advogado Alberto Vitor Ximenes; A Gazeta do Sul, com o amigo Jayme Corrêa Veiga; Correio Trespontano, em 1979, resultado de parceria com o genro, João Corrêa Veiga Filho. Entre muitos informativos editados, cita o Apae em Sociedade, elaborado por senhoras da comunidade, e O Vagalume, do qual era um dos diretores o jornalista Marden da Veiga e Souza.

Em 2014, ele foi homenageado com o título de Pai do Ano, entregue pelo Lions Clube de Três Pontas. (Com informações Arquivo CT)