Após um ano e meio de pandemia, a Universidade Federal de Alfenas (Unifal), que realiza pesquisa semanalmente sobre a Covid-19, conclui que sem dúvida, que em abril deste ano, foi o mês mais mortal. Nesse mês, em Minas Gerais, ocorreram 9.061 mortes por Covid-19. Embora, devido ao acúmulo de internações, UTI’s lotadas e grande número de mortes, março tenha sido o mês de maior estresse em geral, o número de mortes no mês ficou em 8347, abaixo dos mais de 9 mil óbitos ocorridos em abril.

Chegamos em setembro de 2021 com uma diminuição histórica, registrando um número abaixo de 1 mil mortes no mês (884), o que não se via desde maio do ano passado quando ocorreram 305 mortes no estado (junho de 2020 registrou 1032). Um feito impossível se não fosse a vacinação da população.

Em Minas Gerais, considerada toda a população, a Covid-19 matou 256 pessoas a cada 100 mil. Isso quer dizer aproximadamente 3 pessoas a cada 1 mil ou uma morte a
aproximadamente cada 300 pessoas. Entre a população idosa foi bem pior, a doença provocou uma morte a cada 90 pessoas com 60 anos ou mais. Na faixa etária de 80 anos ou mais, esse impacto foi de uma morte para cada 41 pessoas nessa faixa etária. Entre a faixa etária que registrou mais casos, a de 30 a 39 anos, a Covid-19 matou um a cada 1581. Esses números evidenciam o grande impacto na mortalidade geral e especialmente a grande vulnerabilidade dos mais velhos à doença.

Atualmente, considerando o mês de setembro passado, uma pessoa entre 60 e 69 anos tem um risco de morrer por Covid-19, 81 vezes maior do que um adolescente de 10 a 19 ou 29 vezes maior do que um jovem de 20 a 29. Na faixa dos de 80 anos ou mais, esses números chegam, respectivamente, a 465 e 167 vezes maior. De toda forma, isso já foi pior, quando em abril deste ano, por exemplo, uma pessoa de 60 a 69 anos tinha um risco 466 vezes maior de morrer pela doença do que um adolescente de 10 a 19 ou 43 vezes maior do que o de um jovem de 20 a 29.

Considerando apenas as mortes ocorridas em cada mês, em abril de 2021, entre toda a
população a Covid-19 matou aproximadamente 43 para cada 100 mil habitantes. Porém, a taxa de mortalidade em setembro passado registrou aproximadamente 4 óbitos para cada 100 mil habitantes, um número dez vezes menor. A diferença entre os dois meses, sem dúvida, foi devida à vacinação. O que pode ser confirmado, também, pelo fato de que a única faixa etária que teve redução da taxa de mortalidade em abril de 2021 foi a de 80 anos ou mais, faixa etária pela qual se iniciou a vacinação e que em grande proporção já tinha recebido a segunda dose em março, fazendo com que em abril o risco de morte diminuísse.

O risco do decaimento da proteção vacinal
O efeito da vacinação e decaimento de sua proteção pode ser visto, por exemplo, quando
comparamos as taxas de mortalidade de pessoas com 60 anos ou mais com a de 30 a 39,
considerando os meses de abril e setembro de 2021. Em abril o risco de morte da população idosa em geral era quase 11 vezes maior do que o dos de 30 a 39 e em setembro essa diferença diminuiu, caindo para 7 vezes maior. No entanto, quando consideramos as faixas etárias de 70 a 79 e de 80 anos ou mais para essa comparação, vemos um quadro diferente.

Em abril a população de 70 a 79 tinha um risco (taxa de mortalidade) aproximadamente 20 vezes maior do que o dos de 30 a 39, mas em setembro essa diferença foi de 22 vezes mais. Da mesma forma, quando comparamos os de 80 anos ou mais com os de 30 a 39, os mais idosos em abril tinham um risco de morte 22 vezes maior, mas em setembro esse risco foi de 42 vezes mais. Como essa população de mais idade foi vacinada há mais tempo do que os de 30 a 39, sua proteção vacinal diminuiu mais e mais cedo do que entre esses mais jovens. Além da resposta imunológica ser normalmente menor entre os mais velhos, hoje se sabe que ao longo do tempo essa proteção tende a diminuir.

Isso não quer dizer que a vacina não funcione e deixe de ser a melhor saída para a pandemia, mas ressalta a importância da urgência da dose de reforço, principalmente entre a população idosa. Tanto é que, entre os de 80 anos ou mais de abril a setembro de 2021 a taxa de mortalidade diminuiu aproximadamente 5 vezes (de 263,98 para 49,15), mas, coerente com o que foi dito, entre os de 30 a 39 essa taxa diminuiu 10 vezes (de 12,03 para 1,17).

Outra maneira que podemos usar para ilustrar o efeito protetor da vacinação e ao mesmo tempo o decaimento normal da proteção vacinal é observarmos os dados da Tabela 2. Em 2021, comparando o mês de abril, auge da mortalidade por Covid-19, com setembro, vemos que no geral a taxa de mortalidade pela doença diminuiu em 90%. Porém, as faixas etárias que observaram as menores reduções foram a de adolescente de 10 a 19 anos com -61% e a de 80 anos ou mais com -81%. Em setembro os adolescentes ainda não contavam com a proteção vacinal da primeira dose e os de 80 anos ou mais já contavam com seis meses ou mais desde a segunda dose tendo, portanto, maior decaimento de proteção vacinal do que outras faixas etárias.

Além disso, esse segmento da população idosa foi vacinado com a Coronavac, que se mostrou menos protetora do que as outras vacinas (Astrazeneca e Pfizer) contra a variante delta. A maior redução de taxa de mortalidade no período foi entre as crianças com -100%, mesmo com essa população ainda não vacinada. Nesse caso, o que contou foi a própria queda de novos casos entre os adultos que, especialmente para os bebês, acabam sendo os maiores transmissores para as crianças. Mais uma vez é preciso ressaltar que a vacina protege e o uso da Coronavac, que foi a primeira vacina a ser utilizada, salvou dezenas de milhares de vidas e contribuiu para frear a incidência.

A pandemia no Sul de Minas

A região Sul, assim como em Minas Gerais permaneceu com tendência de estabilidade em novos casos nas últimas três semanas. Nas regionais de Alfenas, Passos e Varginha foi observado diminuição na tendência de novos casos, e na de Pouso Alegre foi observado o aumento na tendência desse indicador. Com relação às internações, apenas a regional de Alfenas apresentou tendência de diminuição.

As de Passos estabilidade e crescimento nas de Pouso Alegre e Varginha, levando o Sul de Minas à estabilidade. Quanto à tendência de novos óbitos, foi observada diminuição nas regionais de Alfenas e Passos e crescimento das de Pouso Alegre e Varginha, caracterizando a estabilidade na região.

A pandemia em Três Pontas

A semana se iniciou com tendência de queda em novos casos em Poços de Caldas, Varginha, Passos, Lavras, Alfenas, Três Corações, São Sebastião do Paraíso e Três Pontas. Com destaque positivo para Poços de Caldas, Varginha e Alfenas que apresentaram tendência de diminuição da incidência por quatro semanas seguidas. Apenas dois municípios, dos 10 mais populosos, apresentaram tendência de crescimento de novos casos: Pouso Alegre e Itajubá.

Na tendência de novas internações, apenas Varginha e Alfenas mantiveram queda. Pouso
Alegre, Passos, Itajubá e Três Pontas apresentaram estabilidade e Poços de Caldas, Lavras, Três Corações e São Sebastião do Paraíso crescimento.

Em novos óbitos, apenas Itajubá oscilou de tendência de queda para crescimento e Varginha de queda para estabilidade, com os demais em queda.

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