A notícia se espalhou pela cidade e os trespontanos já sentem os efeitos do anúncio feito em rede social, pelo grupo de Socorristas Voluntários “Anjos da Vida”, de que eles estão encerrando os mais diversos e variados atendimentos prestados à comunidade trespontana. A justificativa é uma só: a falta de apoio do Poder Público. Apesar de terem conquistado o Título de Utilidade Pública Municipal em fevereiro de 2016, que permite que eles recebam verba da Prefeitura nada disso aconteceu, apenas foram incluídos na lista de possíveis beneficiados com subvenção social. A sobrevivência aos longos destes anos vem sendo aos trancos e barrancos. O projeto idealizado e coordenado por Frederico Ribeiro, sobrevive através da ajuda de moradores e algumas empresas que colaboram, como Potencial Auto Center que cuida da manutenção do veículo.

Eles começaram em 2012, uma época em que a cidade vivia a expectativa da implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU. Os acidentes de trânsito eram atendidos por motoristas da ambulância e não havia preparo específico para o socorro. Eles passam frequentemente por treinamentos. Em dezembro de 2016, Fred participou de um treinamento com a Força Nacional, NASA e Brigada Nacional, no Simpósio Internacional de Busca e Resgate, realizado em Aracajú (SE).

Com a chegada deles, as pessoas passaram recorrer ao grupo e muitas vezes em que a Unidade de Suporte Básico (USB) do SAMU está empenhada, são eles que são requisitados e mesmo em seus veículos particulares, independente da hora ou lugar, cruzam a cidade para salvar vidas. E não são apenas em casos de acidentes com vítimas que são lembrados. Apoio em eventos sociais, às entidades religiosas, torneios de futebol e da própria Prefeitura, eles estão prontos para atuarem. Um deles é a Semana Trânsito, que mobiliza escolas e a comunidade em geral.

Incêndios a residências na zona urbana e em matas provocados no período de seca e estiagem foram alvos da atuação dos Anjos da Vida, que superaram desafios.

Para conseguirem trabalhar, precisaram comprar os equipamentos básicos para o socorrismo gastando do bolso e retirando de seus salários. As dívidas já somam mais de R$4 mil, com a locação de equipamentos de cilindro de O2 e pranchas utilizadas para imobilizar e transportar os pacientes até outras unidades.

Quando a nova Administração assumiu, Fred procurou o prefeito Dr. Luiz Roberto para saber do apoio que teriam. Foi informado que deveria ir atrás dos secretários de Obras e Saúde, mas nada foi resolvido. O Chefe de Gabinete Deivis Victor Mendonça fez bastante promessas, entre elas que iria liberar a subvenção aprovada no mandato passado e além disso, disponibilizar a ambulância “branca” para servir à comunidade através deles. Mas absolutamente nada foi feito. A sede cedida a eles no Estádio Municipal Ítalo Tomagnini, o Campo do TAC, já precisa de uma nova reforma, mas os Socorristas tem medo de gastarem e logo serem retirados do local.

Em agosto, o vereador de Belo Horizonte Bim da Ambulância que faz o serviço voluntário na Capital e Região Metropolitana pousou de helicóptero na cidade para anunciar a vinda de uma ambulância equipada para o serviço de socorrismo. Eles estão repensando se aceitam, já que não sabem se terão dinheiro para manter o veículo e combustível para “rodar”, já que nem isto é fornecido.

Fred conclui que não busca reconhecimento, homenagens ou títulos, apenas apoio para ajudar quem mais precisa, amparo para os casos de urgência e emergência. A documentação foi entregue na Prefeitura há um bom tempo, mas só depois que identificaram e informaram que a conta bancária não poderia ser utilizada. O CNPJ deles não é de ontem, já que ele é peça principal para terem o status de entidade pública reconhecida pelo Município através da Câmara Municipal.