Presidente do Três Pontas Atlético Clube (TAC), Tufi Jorge Calili Campos. (Foto: Equipe Positiva)

O Três Pontas Atlético Clube (TAC) é o principal time de futebol da história do município. O TAC, como é carinhosamente chamado, viveu seu auge na década de 1990 e ostenta um belo currículo, contudo, hoje em dia, tem tido dificuldades nas tentativas de criar novas e grandes conquistas. Gerenciado por um apaixonado por futebol, Tufi Jorge Calili Campos, o TAC tem ambições, camisa e querendo ou não, alguns empecilhos.

A agremiação esportiva que foi fundada em 1927 na cidade de Três Pontas, e assim como muitos clubes, teve altos e baixos, vive um momento de observação. Isto não significa ausência de ação e sim, saber qual o próximo passo. O TAC que atualmente é presidido por Tufi, possui em sua direção um caminho complicado e tacanho, mas não impossível de ser percorrido. A gestão de Tufi no clube, começou em 2018 e o time que até então tinha como presidente Ney Antônio de Mendonça, no biênio 2016/2017, teria em suas mãos uma pessoa que tem como grande prioridade a gestão esportiva.

O início complicado e promissor!

O TAC disputou a Copa Alterosa de Futebol Amador no ano de 2018, prometendo comprometimento com a proposta da nova diretoria e com os pés no chão. O Leão do sul de minas teve complicações iniciais, o que é comum, o que também poderia ser evitado com um trabalho pensando no outro, no sucessor. O processo para se colocar um clube na rota do sucesso novamente é construído aos poucos.

De acordo com Tufi, o TAC teve na política esportiva, um inconveniente acréscimo para resolver os trâmites. “A política não deixou o TAC fluir como poderia fluir o ano passado (2018), a realidade é essa, a vaidade. Eu por exemplo, estou presidente, mas eu não vou ser presidente o resto da vida. E eu tenho o intuito de fazer as coisas facilitando para o próximo”, afirma Tufi. 

Elaborar um projeto e fazer as ideias aos poucos aparecem no campo, foi o primeiro passo. Dificuldade em administrar vestiário no início, compra de uniformes, preocupações com os atletas na questão de transporte e alimentação, foram os primeiros obstáculos que com competência, na maioria das vezes interna, saíram do caminho da equipe trespontana.

Ao disputar a Copa Alterosa, o TAC não teve um bom começo em termos de resultado. A saída do técnico Ricardo Lugão, a chegada de Sáudio Pezão, juntamente com os boatos que no meio do futebol ecoam, os ajustes no elenco, tudo isso foi deixando tanto Tufi, quanto a gestão esportiva mais adaptável às críticas, naturais e sempre esperadas no esporte como um todo. O TAC foi eliminado da competição pelo Corinthians de Aguanil, nas oitavas de final, mas a equipe de Aguanil mereceu avançar e ao TAC restou o aprendizado como experiência.

O TAC no segundo semestre de 2018 não produziu muito. Os desgastes na tentativa de conquistar alianças para outras competições, inclusive de base, estiveram e estão ainda no momento dificultando o clube em suas intenções em torneios da região. Embora o ponto de partida tenha sido turbulento, devido a passagem de bastão e tal, o Três Pontas Atlético Clube apareceu e mostrou seu valor nas quatro linhas, onde foi e continua sendo perseverante.

(Foto/Arquivo: Equipe Positiva)

Os bastidores

Existe um lugar no futebol onde a maioria das decisões são tomadas, esse local muitas vezes intragável é chamado de bastidores. É mais fácil dizer que o TAC tem dificuldades nos bastidores, do que salientar a problematização do clube em falar a mesma língua que é falada nesse ambiente. Até mesmo porque jogar o jogo do bastidor, nem sempre é uma boa ideia, principalmente para aqueles que defendem um esporte melhor e mais flexível para a sociedade.

Pode-se pontuar 3 fatores que pesam na “vida” do TAC em relação aos bastidores: a subvenção financeira do município, a divisão nem sempre igualitária e algo que quase sempre é presente, a burocracia. O subsídio de recursos financeiros é um procedimento para várias áreas, inclusive o esporte. Obviamente que outros âmbitos necessitam de maior auxilio e amparo, como por exemplo a saúde, no entanto, este exemplo de situação não retira dos movimentos, centros, complexos, projetos sócios desportivos e tais, o valor subsidiado por algum órgão ou entidade pública.

Isto posto, a verba destinada ao TAC foi inferior ao que se esperava cumprir. Isso atrapalhou alguns planos financeiros e programas esportivos do clube que habita o município. Uma das teclas batidas pela diretoria do Rubro-negro, foram as conquistas e glórias que a agremiação trouxe para os Três Pontas, fora claro, seu peso e seu nome.  Apostar no TAC seria menos arriscado do ponto de vista rentável e social, afinal é clube da cidade. A questão de uma divisão do montante capital é aceitável segundo o presidente, só faltam executar da forma mais justa. “Dividir o esporte. Eu não acho ruim isso. Mas desde que divida igual, então nós temos 50 mil, tem dez projetos na cidade, eu vou dar 5 mil para cada um, mas não, hoje a politicagem faz com que um projeto lá ganhe o ano inteiro, o outro projeto seja mais beneficiado. O TAC é o seguinte, é um patrimônio da cidade, do município, todo mundo sabe disso”, desabafa Tufi.

O fato da burocracia enquanto um impeditivo para ações emergências ou não, é um fator que corrobora o aparelho de solicitações seja ele de pessoas físicas ou jurídicas. O TAC em 2018 se deparou com um cenário conflituoso e em 2019, sente os mesmos sintomas. O clube, por exemplo, não está disputando nem um torneio neste primeiro semestre, não por falta de tentativas ou desejos, mas sim por uma estrutura de bastidor de difícil negociação.

“A gente pediu também nessa administração (2017 – 2020), naquele momento administrada pelo Dr. Luiz Roberto, um lugar para o TAC, para fazer uma sede para colocar os troféus. E me estranha muito o TAC nunca ter tido isso no município, se é um patrimônio do município, patrimônio não tem casa? Então aluga, então arruma sede, um lugar, faz uma fachada, uma loja. É, você põe 3 por 5 (3×5), você consegue vender uma camiseta, você consegue ter uma renda. O pessoal me pergunta muito, nossa mas não vai fazer nada? Gente, é complicado, eu estou de mãos e pés amarrados e pediram para mim correr, não vai acontecer. Então, se o TAC hoje não tiver uma união da população com relação a isso, uma confiança, porque o TAC teve muito recurso e poucos títulos recentemente, então o investimento no futebol não foi da maneira correta e isso meio que calejou quem estava investindo”, declara Tufi, o goleiro que tantas vezes jogou futebol de salão e que defende uma leitura do futebol, da visão do TAC enquanto empresa e principalmente, dos detalhes em investimentos que muitas vezes direcionam o pensamento de se investir em um sistema seletivo e que de certa forma, inviabiliza propostas.  

O futuro como projeto!

Os torcedores do Leão do Sul de Minas que não puderam assistir ou acompanhar jogos do TAC até o momento, poderão quem sabe no segundo semestre acompanhar. O presidente destacou a possibilidade de o time disputar um torneio infantil, visando a temporada futura e também os novos talentos a serem lapidados. “Já era (um ideal) desde o início o nosso projeto, costuma ser 13, 15 e 17 (anos de idade), então numa dessa aí eu acredito que o TAC vai estar esse ano, pediram para gente entrar no 17. Por que? Porque a 17 a gente vai conseguir competir dois anos e no próximo ano já vai ser adulto, então já vai ter uma base formada”, sintetiza Tufi.

Outros projetos que não saíram do papel, estão sendo analisados e pensados da melhor maneira a se conseguir coloca-los em prática. Um projeto para se trabalhar com crianças de 5, 6 anos até o sub-20, foi apresentado ao Poder Executivo e foi vetado por ser um concorrente de outros projetos do município. De acordo com Tufi, o projeto só precisava de uma estrutura, pois o resto, o mesmo conseguiria. “Tinham pessoas qualificadas que bancariam o projeto, arrumariam patrocínio, só que tudo no particular eu não consigo. Eu preciso de um lugar público, o TAC não tem base, não tem a estrutura física que eu estou falando”.

O TAC no presente momento, é uma bandeira que está sendo levantada e ao longo de seu percurso, tem se deparado com um grande “abacaxi”. Derrubar muros e construir pontes em uma estrutura combativa, não é tarefa simples. O discurso dos representantes, torcedores e do presidente, demonstra carinho e principalmente respeito pelo time. O TAC em termos fiscais e tributários está concentrado e bem gerido, esse é um alicerce fundamental. O escopo do TAC é trilhar um caminho de títulos e glórias novamente e se depender das ideias e dos princípios daqueles que administram o grupo na atualidade, caso não achem o caminho, será possível e necessário criar um novo caminho. (Reportagem: Loui Jordan)