A turismóloga Keyre Mariano e o secretário de Cultura, Lazer e Turismo Alex Tiso. Foto Arquivo EP

 

A grande dificuldade, é conscientizar comerciantes para a importância do turismo

O Ministério do Turismo divulgou na segunda-feira (26), no Diário Oficial da União (DOU), o novo Mapa do Turismo Brasileiro 2019-2021 e manteve nele a cidade de Três Pontas. A inserção do Município nele foi em 2017. Ao todo, 2.694 cidades de 333 regiões turísticas do país foram validadas pelo ministério e incluídas na atualização da plataforma, que é feita bianualmente. Neste ano, os estados e municípios contaram com novos critérios, compromissos e recomendações estabelecidas pelo Ministério do Turismo, entre elas a obrigação de participação em instância de governança e em Conselho Municipal de Turismo (COMTUR).

O resultado disso é fruto do trabalho da turismóloga da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Turismo Keyre Mariano. É ela que explica que o Mapa é um instrumento que alimenta o programa regionalização do turismo e direciona as políticas públicas do setor. “Quem tem habilitação e está inserido no Mapa, aos olhos do Ministério do Turismo, tem uma política e podem e devem investir no turismo local”, afirma Keyre. Três Pontas integra o Circuito Turístico Vale Verde e Quedas D’água, que foi um dos poucos circuitos que conseguiu habilitar todos os seus municípios sendo eles: Carmo da Cachoeira, Coqueiral, Ijaci, Itumirim, Lavras, Luminárias, Nepomuceno, Oliveira, Passa Tempo, Perdões, São Bento Abade, São Thomé das Letras, Três Pontas e Varginha. Estes são destinos de vocação turística ou destinos de apoio que podem contribuir ou se beneficiar da geração de emprego e renda induzidos pela atividade do setor.

De 2017 para 2019, houve uma diminuição dos municípios. Antes eram 555 em Minas Gerais e agora apenas 471. Isto se deve talvez, ao aumento das exigências e critérios feitos para conseguir a habilitação. Além da necessidade de o município ter um órgão de turismo em atividade e conselho municipal funcionando, o novo mapa adotou outros critérios obrigatórios para a participação na plataforma: orçamento próprio destinado ao turismo e possuir prestadores de serviços turísticos de cadastro obrigatório registrados no Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur), do Ministério do Turismo. “No nosso caso, nós temos uma política municipal e um conselho atuante; temos dotação do turismo, onde recebemos os repasses do ICMS, que é uma somatória que nos ajudou a comprovar nosso investimento.

Sobre o Cadastur, que serve de orientação para turistsa, como restaurantes, hotéis, transportadoras turísticas e para aqueles que tem interesse em investir nos municípios, há apenas um restaurante cadastrado. A informação que a Secretaria tem, é que isto se tornará obrigatório.“Vamos trabalhar com os estabelecimentos para que eles possam se cadastrar. Basta entrar no site é gratuito e engloba também agências de viagens, organizadores de eventos e todas as atividades comerciais que tem algum vínculo com atividade turística”contou a turismóloga.

Para manter Três Pontas no Mapa do Turismo Brasileiro já haviam muitos documentos prontos, mas algumas destas exigências não previstas obrigaram os servidores da área a correr contra o tempo. Além do Cadastur, buscar legislações, até anterior ao ano 2000, leis que foram adequadas, decretos que tiveram que ser baixados e regimentos precisaram ser alterados, além de reuniões com o Conselho do Turismo. “O governo lança um projeto e os municípios tem 10 dias para cumprir e isto é muito difícil”, avalia Keyre.

O secretário municipal de Cultura, Lazer e Turismo Alex Tiso Chaves, agradeceu especialmente o trabalho desenvolvido pela Keyre que está sempre atenta e a advogada Dra. Luciana de Souza Martins, que foi super eficiente acompanhando e obedecendo aos trâmites legais. “Se manter neste mapa é benefício, pois se pleitearmos alguma coisa junto ao Governo Federal, a primeira coisa que ele temos que estar é habilitado no Mapa Turístico. Esta é uma grande vantagem que nós temos e percebemos que dos dois anos para cá, houve uma queda muito grande de municípios que não cumpriram as determinações”, registra o secretário. Ele enaltece também o trabalho do Circuito Vale Verde Quedas D’Água que auxilia em todos estes assuntos.

Três Pontas entra na rota de viagens

Romeiros devotos de Padre Victor, vindos de Teresina, no Piauí (PI) visitaram Três Pontas em agosto de 2018

Antenada nas questões turísticas, Keyre Mariano descobriu recentemente que havia uma agência de viagens, chamada de Catedral Viagens, que só realiza excursões católicas. São 10 agências no Brasil e três no exterior especializadas em turismo religioso. Um dos roteiros já inclua Baependi, terra de Nhá Chica e do Sul de Minas eles iam para Ouro Preto. A Secretaria de Cultura conversou com eles com a intenção de mostrar o potencial da religiosidade de Três Pontas. Quando um belo dia, o dono da empresa abriu um espaço na sua agenda, que com certeza deve ser cheia e veio, ele, pessoalmente conhecer a cidade. O resultado não poderia ser diferente. O próprio secretário e servidores da Secretaria serviram de guia a ele. Ele visitou o comércio, a Cocatrel, a Lavandas da Serra, o Carmelo São José e a história de Nossa Mãe e o Memorial Padre Victor. Ele ficou encantado com o que viu e para surpresa de todos, eles receberam a cerca de duas semanas, uma publicação deles chamada Santuários do Brasil, onde tem seus roteiros turísticos e a Terra de Padre Victor está inclusa em uma viagem de cinco dias.  Ele colocou o Município inclusive com uma pernoite e vão permanecer aqui por 24 horas e vão almoçar, jantar e dormir para conhecer os pontos turísticos. “ É mais um incentivo e provavelmente devem ser estrangeiros. Eles vindo aqui, cabe a nós recepcioná-los muito bem para que continuemos nesta rota e atraia outras pessoas para conhecer nossa cidade”, disse Alex, que isto é fruto do trabalho da turismóloga Keyre.

Pontalete enfrenta um problema

Orla do Distrito do Pontalete. Foto: Arquivo EP

O Distrito do Pontalete, que é banhado pelo Lago de Furnas, é uma grande potência turística, mas sofre ao longo dos últimos anos com a baixa da água e com isto, o movimento não é mais aquele de antigamente. Na opinião do secretário, a primeira iniciativa que precisa ser tomada é unir força política. O primeiro grande problema é a falta d’água no lago. Depois, a falta de água para o consumo. O SAAE inaugurou recentemente um novo poço artesiano no distrito, mas se houver uma demanda muito alta, é certo que não há capacidade para atender a todo mundo. Lá já existem casas para serem alugadas para visitantes e pousadas. Empresários tem investidos e apostando bastante, mas enquanto não houver água de uma forma mais robusta, infelizmente, na opinião de Alex Tiso, não há ponto turístico como pode ser. “Nós precisamos que se estabeleça uma cota mínima do nível de Furnas e necessitamos dos políticos, que podem começar a estudar a questão da construção de um dique. Isto depende de uma vontade política para ser feito. Tecnicamente não vou saber explicar, mas tenho certeza que depois dele cheio, a água vai continuar correndo e só diminuir seu volume em caso de emergência. Se tiver a retenção da água nesses pontos principais, nós teremos grandes visitações”, acrescentou. Prova disso é Capitólio, onde a água nunca abaixa muito e quando isto acontece não compromete a navegação.  Estruturalmente o Pontalete está bem, falta é a água para os banhistas e para o consumo. Estrutura visual no Pontalete nós temos, está faltando é estrutura da questão da água mesmo, da água para os banhistas e o consumo mesmo. A gente incentiva isso, mas eu acredito que o maior incentivo hoje seja o ponto político, para que a gente estabeleça a cota mínima do nível de Furnas.

TRIPÉ – Música, Fé e Café

Três Pontas ao longo dos anos, adota o tripé, música, fé e café como bandeira. O café é um componente que já está bem resolvido, até pela sua hereditariedade e já vem há muitos anos passando de família para família. Além disso, a cidade abriga um evento nacional da cafeicultura, que é a Expocafé e as feiras realizadas pela Cocatrel vem sacramentar este seguimento. O que é preciso trabalhar na opinião de Alex Tiso é a música e da fé. No quesito música, a Prefeitura tem procurado valorizar os profissionais. Como a cidade já foi chamada de Capital Mundial da Café, isso não se pode perder. Para isto, a Secretaria de Cultura, Lazer e Turismo tem trabalhado na volta do Sarau, na manutenção da Orquestra Oswaldo Tiso, do Conservatório Municipal que atende a 600 alunos por semana de forma gratuita, no resgate do Festival Canto Aberto e no retorno de uma etapa do Festival Nacional da Canção (Fenac) para o município, além do Auto de Natal, que são componentes todos ligados a música. E tem aqueles eventos que de certa forma incentivam a musicalidade, como a Feira Literária que contou com apresentações musicais.

O terceiro, a fé, é o que mais tem gerado preocupação, pois é necessário antes de tudo, conscientizar. Três Pontas é única, a ter um Beato, prestes a virar santo perante a Igreja, o primeiro Santo Negro do Brasil (Padre Victor), e uma religiosa a Serva de Deus Nossa Mãe, que em um futuro muito breve deve ser beatificada. Alex é claro ao defender que os trespontanos deixem de pensar na política que Dia do Padre Victor é apenas em 23 de setembro. “Quando a gente começar a pensar que o dia do Padre Victor é todos os dias do ano, vamos começar a crescer. E para isso, nós precisamos trabalhar na conscientização, principalmente dos comerciantes”, alerta. O município recebe romeiros de várias regiões do Brasil o ano inteiro, principalmente nos fins de semana, aos domingos e as reclamações são sempre as mesmas. Aportar em Três Pontas sábado a tarde ou no domingo, não se acha lugar para se alimentar. Não encontram restaurante, padaria e lanchonetes que estão abertas, com pouquíssimas coisas a oferecer. Sem falar que no dia da festa, quando recebe uma multidão, a grande maioria dos estabelecimentos fecha as portas.

O trabalho tem sido desenvolvido junto com a Associação Comercial. A sugestão que pode ser colocada em prática, é que pelo menos se faça um rodízio de estabelecimentos do ramo de alimentação, talvez como as farmácias que ficam de plantão. A Associação Comercial vem trabalhando neste sentido de conscientizar e mostrar a importância deste turismo para os empresários locais. “Precisamos trabalhar junto, incluindo a Associação Padre Vitor para se inteirar do calendário destas visitas, precisamos nos estruturar”, aponta.

No próximo mês, será lançado um aplicativo sobre o turismo em parceria com a Associação Comercial. O visitante que chegar aqui, poder baixá-lo em seu aparelho celular e ter todas as informações, como locais de alimentação, hospedagem, pontos turísticos da cidade para visitação, entre outros dados.

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