ENTREVISTA

Capitão PM
JÚLIO CÉSAR GOMES
Comandante da 151ª Companhia de Polícia Militar de Três Pontas

A frente da 151ª Companhia de Polícia Militar de Três Pontas pelo segundo ano, o Capitão PM Júlio César Gomes recebeu a Equipe Positiva no fim do ano para fazer um balanço sobre a atuação policial nos últimos 12 meses de 2021. Ele explica que

Os números mostram um índice acima do que ocorreu em 2020, porém, é preciso colocar como fator influenciador neste pequeno aumento em alguns crimes, as regras da pandemia que estavam mais severas a dois anos, com as medidas de distanciamento e a diminuição de circulação de pessoas nas ruas e ainda bem menos eventos. De maneira geral, o saldo é bastante positivo.

Capitão Gomes deixa claro que na Companhia que ele está a frente, não há nenhum crime em que a polícia tenha perdido o controle e nenhum está fora do patamar aceitável para a cidade de Três Pontas. Os dados se comparados com outras localidades do mesmo porte, é uma das mais tranquilas do Estado e do país.

Aliás, o Município continua tendo a menor taxa de criminalidade, dentro das 10 cidades que compõe o 24º Batalhão de Varginha, sobretudo em alguns crimes específicos, como o homicídio.

A Polícia Militar trabalha com duas vertentes – os crimes violentos e não violentos. Todos preocupam, porém, aqueles que são praticados com violência, com o emprego de arma de fogo, grave ameaça, os dados são separados dos demais na busca por um trabalho mais eficaz e uma prevenção mais incisiva. Ele gera a prisão do autor e a condução dele para a Delegacia de Polícia Civil onde é ratificada sua prisão em flagrante. Crimes não violentos, são as vezes registrado geralmente como Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

Desde quando chegou na cidade, foi feito um trabalho focado no combate e repressão ao tráfico de drogas. Capitão Gomes entende que o tráfico é o crime que acaba gerando outros. Através da venda de drogas, pode-se observar os furtos, roubos, os crimes violentos e até chegando contra as pessoas e o descumprimento da Lei Maria da Penha. O combate incisivo nestes últimos dois anos proporcionou acréscimo nestas ocorrências e também nas apreensões de menores e prisões de maiores de idade. “É um crime que a gente tem um certo controle. Apesar de sabermos que ele incomoda muito as pessoas, quando acontece na vizinhança, as pessoas ligam, denunciam e a gente tem dado uma resposta a estas denúncias para que a traficância não prevaleça em lugar nenhum”, esclarece.

Em 2021 foram 143 ocorrências relacionadas ao tráfico de drogas, 50 maiores de idade foram presos e 93 menores foram apreendidos. Muitos destes infratores são reincidentes. Capitão justifica que o menor é uma mão de obra que o traficante utiliza, porque sabe que ele não fica preso e não tem muita resposta da legislação atual em relação a uma punição. O menor pratica o tráfico e sabe que logo está na rua praticando o mesmo crime.

A PM tem atuado para identificar os maiores, que estão por trás destes menores. A polícia conseguiu prender vários deles, outros estão sendo acompanhados para realizar a prisão deles assim que for oportuno. Dois deles que tem o poder de comandar o tráfico já estão presos, recolhidos no Presídio da cidade. No bairro São Judas Tadeu, foi identificada uma organização criminosa no local e que com o encarceramento destes trouxe mais um pouco de paz aos moradores. Ele reconhece que é uma comunidade que demanda uma atenção da polícia.

O furto é um crime não violento, mais que incomoda demais pois sentem que tiveram sua intimidade violada, seja em residências ou estabelecimentos comerciais. A PM tem patrulhado bastante a noite e deparado de iniciativa própria, com autores de furtos, carregando objetos e materiais furtados. As prisões são realizadas, mas lamenta o comandante, que infelizmente é um crime em que parte das leis que existem no Brasil não prendem o infrator imediatamente. Quando o furto é ‘simples’, e o autor não foi reincidente ele sai. É preciso ter uma reincidência ou um ‘furto qualificado’ com arrombamento ou outras qualificadoras, para se ter uma punição. Em comparação com 2020, houveram quase o mesmo número de furtos, com uma pequena queda.

A Polícia Militar depende muito da população para ajudar na prevenção aos crimes de furtos, tomando medidas de auto proteção, fortalecendo casas e estabelecimentos com sistema de câmeras e alarmes, que vão evitar, impedir que o crime seja praticado. Sistemas de monitoramentos ajudam na identificação dos suspeitos que são presos e na maioria das vezes o que é furtado é recuperado.

Crimes de roubo cresceram, mas prisões também

Os dados apontam que houve mais crimes de roubo em 2021 em relação ao ano anterior. Em 2020 foram 17 e 2021 subiu para 23. Capitão Gomes reputa isto, justamente a volta das pessoas nas ruas que já estão vacinadas, o retorno dos eventos e as comemorações que foram retomados. Com mais gente nas ruas, tem mais alvos disponíveis para os criminosos. Os roubos a transeuntes, que são aqueles das pessoas que estão andando nas ruas, tiveram um aumento.  Eles são praticados por usuários de drogas que abordam as vítimas, levam celular, bolsas ou que ela tiverem justamente para manter o vício é trocar por drogas. Apesar do aumento em 2021, houve mais prisões de pessoas envolvidas com este tipo de crime.

De 2020 para 2021 caiu também o número de ocorrências registradas em relação a violência contra a mulher. Neste caso, a flexibilização das medidas de prevenção contra a Covid-19 contribuíram. As pessoas puderam sair mais de casa e os conflitos familiares diminuíram. “Estas ocorrências geram uma preocupação muito grande da PM, porque ela pode se transformar em ocorrências mais graves, como lesões corporais e até homicídio”. Ano passado houve inclusive um homicídio tentado em relação a Lei Maria da Penha e está em investigação, um homicídio consumado em decorrência das agressões que o marido cometia contra a sua companheira no bairro Santa Edwirges.

Foram dois homicídios durante os últimos 12 meses e a cidade não tem alta incidência neste tipo de crime, que provoca muita preocupação nos moradores.

Os desafios para este novo ano

Segundo o Capitão Gomes, para 2022 o que se espera é que se consiga diminuir ainda mais os índices criminais. A Polícia Militar é acompanhada diariamente e tem metas a serem cumpridas anualmente e ele é cobrado enquanto comandante. Por mais que os índices são baixos, a meta é sempre ousada, diminuir ainda mais, este é mais um grande desafio para ele e sua tropa.

“Não posso ser utópico e dizer que não vai haver crime nenhum em Três Pontas, mas a polícia trabalha para que eles diminuam cada vez”.

Ele termina o balanço evidenciando os bons resultados a participação da população, com denúncias e informações, a dedicação de sua tropa que é bastante empenhada, tendo no Município sua segunda casa e a participação dos outros órgãos que trabalham em prol de manter a cidade segura, como a Polícia Civil, com quem dividiu trabalhos importantes durante o ano, a Polícia Penal, o Ministério Público e o Poder Judiciário. Além de outras instituições como a Prefeitura, que tem dado todo apoio que precisam, a Câmara Municipal que ajuda também inclusive com valores destinados pelos vereadores de suas emendas impositivas.

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