Mariana Tiso
Reportagem

No dia 23 de setembro é celebrado o dia do Beato Padre Victor, em Três Pontas. Para homenageá-lo, a cidade realiza diversas atividades religiosas e culturais. Dentre elas, destaca-se a tradicional barraca do Padre Victor, que há mais de 30 anos atende aos romeiros que chegam à cidade com fome, sede e dores nos pés, depois de caminhar longas distâncias para prestar suas homenagens ao beato.

Neste dia especial, é importante lembrar do Beato Padre Victor e as histórias das pessoas que tem fé no beato e atuam na cidade de Três Pontas. Durante nossa pesquisa, conversamos com as idealizadoras da primeira barraca do Padre Victor, Dona Wanda e Glória Aparecida, juntamente com Tereza Cristina que também esteve envolvida durante anos no projeto e Simone Miranda, filha de dona Wanda, que acompanhou de perto a luta da mãe e também fez parte da iniciativa.

Voluntários trabalhando na barraca e apoio aos romeiros do Padre Victor

A barraca, montada na praça Cônego Victor Praça da Igreja Matriz, que tinha como objetivo principal atender aos romeiros que chegavam à cidade com fome, sede e exaustos

Embora elas não se lembrem da data exata, essa prática tem mais de 30 anos, e continua inspirando a barraca atual, realizada pela Associação do Beato Padre Victor, bem como outros pontos de atendimento na cidade e às margens da estrada, com pessoas dedicadas a este momento durante todo o ano.

Barraca do Padre Victor cheia de romeiros

As idealizadoras – Wanda Miranda, Glória Aparecida da Silva, e Lourdes Pieve – lideraram a barraca por muitos anos e contaram para nossa equipe histórias de romeiros que chegavam cansados e encontravam um lugar para descansar, se alimentar e dar leite e achocolatado aos seus filhos. Dona Wanda, o ponto forte de todo projeto e presente na entrevista, muito emocionada com seus 89 anos, reafirmou estar muito feliz em contar essas histórias e poder dizer que tem uma fé enorme no Padre Victor.

Glória Aparecida, braço direito de Wanda, conta que a mesma era uma pessoa exigente e bastante preocupada com a alimentação dos romeiros. Ela sempre orientava que os voluntários chegassem alimentados para que não precisassem consumir os alimentos arrecadados para aqueles que mais necessitavam.

No início, as dificuldades eram numerosas, uma vez que não havia organização para lidar com a grande quantidade de pessoas que chegavam. No entanto, um milagre sempre acontecia e a comida sempre dava para todos. As entrevistadas destacam que, em certo momento, uma alma caridosa deixou um coador de café grande, o qual acelerou o processo de organização e contribuiu para o despertar da estruturação necessária para o atendimento dos romeiros. Apesar de nunca ter sido descoberto quem deixou o coador, a ação dessa alma abençoada foi essencial para a eficiência da organização.

As entrevistadas contam que no começo essas dificuldades eram grandes, porque elas ainda não tinham a organização que se tem hoje para fazer tudo acontecer da forma que aconteceu.

Na imagem, Gloria Aparecida, uma das idealizadoras do projeto e braço direito de Dona Wanda.

Mas com dedicação e empenho a barraca foi se aprimorando a cada ano e pessoas foram chegando para ajudar, não só no dia do Padre Victor, mas durante muitos meses, pedindo, doando ou encaminhando, e nada que sobrava era perdido – sempre era encaminhado para as entidades de Três Pontas que precisavam após a festa do Padre Victor.

E ainda hoje é assim, e segundo elas acreditam, como o Padre Victor faria.

O trabalho dessas mulheres inspirou muitas outras pessoas.

Da direita para esquerda, na poltrona Dona Wanda, idealizadora do projeto com 86 anos ao seu lado Glória Aparecida, também idealizadora e seu braço direito e na sequência, Tereza Cristina e Simone Miranda, filha de dona Wanda Miranda.

Pessoas com amor, dedicação e carinho é um verdadeiro milagre que acontece por mais de 30 anos.

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