Fotos: Arquivo EP

 

“Como o tempo passa”. A expressão representa a realidade que estamos vivendo. São muitas coisas acontecendo que a gente parece ter vivido algo a pouco tempo, porém, as boas lembranças e momentos felizes são lembrados com saudade.

Um momento único e especial, esperado por 22 anos, vivido em 2015, foi a beatificação de Padre Victor. Na noite desta quarta-feira (14), em missa solene as 18h30, na Matriz Nossa Senhora D’Ajuda, igreja que o sacerdote paroquiou por 53 anos, seus fiéis poderão recordar aquele dia.

Naquela tarde de céu parcialmente nublado, da cerimônia de beatificação do padre Francisco de Paula Victor (1827-1905), foi presidida pelo bispo Diamantino Prata de Carvalho, com a presença de mais de 300 sacerdotes da diocese de Campanha, do secretário estadual de Cultura, Angelo Oswaldo e diversas autoridades locais e do Estado.

Após o ato penitencial, o ato de beatificação foi feito por Dom Diamantino e o postulador Dr. Paolo Vilotta, que pediram a realização do procedimento ao Servo de Deus Francisco de Paula Victor. “Solicitei humildemente ao Sumo Pontífice, o Papa Francisco, inscrever no número de beatos da Santa Igreja, o Venerável Servo de Deus, Francisco de Paula Victor”. O bispo Coadjutor da Diocese, Dom Pedro Cunha fez a leitura de alguns dados biográficos do Beato, relembrando que o Santo Papa em 05 de junho de 2015, promulgou o Decreto reconhecendo o milagre atribuído à intercessão do sacerdote e ordenou que se realizasse a beatificação.

Outro momento emocionante foi a apresentação da imagem do mais novo Beato da Igreja Católica, que passa a ser venerado na Diocese e a relíquia do Beato Francisco de Paula Victor, foi levada ao altar pelo presidente da Associação Padre Victor Airton Barros de Andrade, pela miraculada, a professora Maria Isabel de Figueiredo e seu marido, o cabeleireiro José Maurício Silvério.

Dom Diamantino e o postulador Dr. Paolo pedem a beatificação na cerimônia em 2015

Foi feita a leitura em português da Carta Apostólica. O bispo em nome da Diocese apresentou ao Santo Papa, demonstrando ao Cardeal Ângelo Amato os dons de Padre Victor. A beatificação é uma permissão de culto da Igreja Católica a uma pessoa que teve uma vida ‘santa’ e passa a interceder por outras. Ter tido uma vida de virtudes torna o candidato apto ao processo de beatificação, mas são os milagres que fazem um santo, para o povo e principalmente para a Igreja. Uma vez provada uma cura que não tenha explicação científica, o candidato é elevado ao altar da Igreja como beato. Um segundo milagre o torna santo.

Dono de uma legião de admiradores e devotos na cidade, na região e estados vizinhos, cerca de 30 mil pessoas participaram de todas as cerimônias. A principal delas, realizada no Aeródromo Municipal Leda Mello. O momento mais esperado, e de grande emoção, foi o rito de beatificação conduzido pelo prefeito da Congregação da Causa dos Santos da Santa Sé, o cardeal Angelo Amato, representante do Papa Francisco.

Um painel com a nova imagem de Padre Victor, em que ele está segurando a Bíblia e um crucifixo, foi colocado ao lado do altar e emocionou os fiéis. Assim que a celebração se iniciou pouco depois das 16h, o público pode relembrar um pouco da história do beato.

Esquema especial no trânsito, desde as rodovias com restrições e fechamento de várias vias no Centro e em torno do local do evento. Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Brigadistas, equipes médicas e de enfermagem não faltaram e, pelo que se viu no número de gente que foi à cerimônia, a precaução das instituições e corporações foi um destaque que chamou a atenção.

Na Praça Cônego Victor, no Centro milhares de pessoas assistiram à cerimônia, nos telões instalados, para ninguém perder um detalhe. Para se tornar santo – e Padre Victor poderá se tornar o primeiro santo negro brasileiro – será necessário mais um milagre. O primeiro reconhecido pelo Vaticano foi o da professora Maria Isabel de Figueiredo, moradora de Três Pontas, e que conseguiu realizar o sonho de ser mãe, depois de sucessivas tentativas para engravidar. Esse caminho culminou num aborto espontâneo, na descoberta de que uma das trompas era totalmente obstruída e numa gravidez tubária – decorrente de ovulação induzida.

A professora participou da missa ao lado do marido, José Maurício Silvério e da filha mais velha, Sofia de 4 anos e era só emoção. Ela entregou a relíquia de Padre Victor no altar.

A primeira procissão luminosa com a nova imagem do Beato, no começo da noite de domingo, levou uma multidão a acompanhar todo o trajeto. Segundo cálculos da PM eram cerca de 5 mil pessoas. Do Carmelo São José até a Matriz Nossa Senhora D’Ajuda, moradores e fiéis admiravam o andor que estava todo iluminado. Quando a imagem chegou na Praça Cônego Victor já tinha muita gente aguardando dentro e fora da Igreja.

Padre Victor é o terceiro beato com trabalhos pastoral e social fortes em Minas. O primeiro foi o holandês Beato Padre Eustáquio (1890-1943), numa cerimônia no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, em 15 de junho de 2005. Oito anos depois, o Sul de Minas também reuniu milhares de católicos para celebrar, em Baependi, a beatificação de Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica (1810-1895).

Veja as fotos da preparação da beatificação