Por Loui Jordan

Na noite da última quarta-feira, o Cruzeiro se sagrou hexa campeão da Copa do Brasil. A final contra o Corinthians reservou alguns ingredientes. O clube mineiro venceu os dois jogos, 1 a 0 em Belo Horizonte e 2 a 1 em São Paulo. Não só o prêmio de 50 milhões dados ao vencedor foi comemorado, mas o prazer de desfrutar de uma conquista mais do que merecida dentro de campo, também. O Cruzeiro se isolou como o maior vencedor de Copas do Brasil, ou melhor, Copa do Cruzeiro, se assim permite o futebol.

A grande final!

Com a vantagem de 1 a 0 construída no Mineirão, a raposa dava indícios que executaria mais um jogo estratégico. O Corinthians por sua vez, não tinha “nada” a perder, a Copa do Brasil seria a redenção de um ano com altos e baixos, mais baixos do que altos é verdade. Os primeiros 20, 25 minutos do time de Mano Menezes foram excepcionais, o time soube usar seus recursos para prejudicar o adversário, precisou de 4 finalizações para abrir o placar com Robinho. Vale destacar o improviso de Lucas Romero na lateral-esquerda e o meio-campo sem Lucas Silva, um dos melhores do semestre nesse setor.

O Corinthians teve mais a bola como era de se esperar, dos 4 tempos de 45 minutos na final, o clube paulista só acertou o gol, ou seja, o alvo, em 1 desses 4. É muito pouco, o timão tem um elenco limitado e poucos recursos coletivos, Jair Ventura tem sua parcela de culpa, assim como os jogadores e dirigentes. Ventura preferiu iniciar com Jonathas e Sheik, no decorrer do jogo deu para observar o equívoco do treinador.

O time do Cruzeiro é muito bom defensivamente, principalmente por ter Dedé e Fábio. O Corinthians dependia muito de Jadson, o meia não tinha companhia na criação, faltou muita infiltração e qualidade mesmo, agora paciência até que tiveram. Como era arriscado, a arbitragem brasileira fez parte do evento de forma negativa, marcaram um pênalti que não existiu e anularam um gol que na origem do lance, o suposto lance faltoso é no mínimo dúbio, para não dizer que foi um erro. O Corinthians converteu o pênalti mal marcado com Jadson, você pensa, 9 minutos do segundo tempo, coloca fogo no jogo, sim, no entanto, a arbitragem novamente entra em ação.

O lindo gol de Pedrinho é anulado devido a uma falta cometida por Jadson em Dedé no início do lance. Conclusão da história: a virada que até então estava contando com um pênalti mal marcado e um lindo gol de um jogador que deveria ser titular, teve outro desfecho, menos pior que ficou “elas por elas”. O gol anulado, fez o Corinthians correr atrás da virada. O time cedeu espaços e foi punido por isso. Em lance super aberto de contragolpe, Raniel deixou Arrascaeta livre para correr e finalizar, o Uruguaio concretizou a jogada e o título com uma cavadinha desmoralizante diante de Cássio, como o gol saiu aos 36 da etapa final, tudo era questão de tempo para o Hexa.

Vamos deixar algumas coisas claras. O Cruzeiro mereceu o título e a vitória, fez um ótimo início e soube jogar na estratégia de seu técnico. Os lances bizarros do VAR, felizmente não atrapalharam a “justiça” final do duelo, é claro que a tempo dos gols e lances poderiam influenciar na postura e no psicológico, mas menos pior que por incrível que pareça tudo foi “ajustado”. O Corinthians não exigiu muito de Fábio nem no primeiro e nem no segundo tempo. Dedé mais uma vez um “monstro” na defesa, embora tenha exagerado continuamente no lance do gol anulado de Pedrinho. O pior ficou para o VAR, talvez se não tivesse árbitro de vídeo, não causaria tanto transtorno. O incrível é que o árbitro de campo seria menos falado se não olhasse o vídeo. É difícil acreditar em má fé, o que se pode afirmar é que estão todos eles despreparados, com medo e inseguros.

Campanha vitoriosa!

O Cruzeiro venceu todos os jogos que fez fora de casa, perdeu apenas para o Santos no tempo normal no Mineirão. O time teve contusões de jogadores importantes, suspensão em final, um sistema defensivo consistente, um futebol baseado no estrategista Mano Menezes e nem sempre teve em Thiago Neves seu jogador decisivo. Não foi um futebol maravilhoso jogado pela raposa, entretanto a equipe como um todo se comportou como time copeiro que é.

Teve em Fábio seu milagreiro contra o Santos, teve Raniel como uma peça chave de segundo tempo e teve a calma de saber concluir. O argentino Barcos foi importante na reta final, Lucas Silva mandou no meio campo contra o Palmeiras e Henrique soube como ninguém liderar com a braçadeira de capitão. O Cruzeiro apostou em Rafinha que estava de saída e Mano o barrou, são esses detalhes que fazem um time triunfar como ninguém mais em Copa do Brasil.

A equipe celeste venceu com autoridade de quem conhece o formato da competição e estilo dela. Substituições bem-feitas, plano de jogo bem elaborado e um espírito vencedor, como em toda campanha, teve seus jogos fracos também e confrontos onde pecou muito na finalização, mas no final das contas venceu o melhor time. O tal “cabuloso” não deixou a peteca cair, agora pode ostentar a riqueza de uma premiação farta e o futebol arquitetado que resulta em uma sala recheada de taças.

Próxima temporada!

É bem provável que o Cruzeiro aposte na Libertadores em 2019. Afinal de contas, alçar voos maiores é a pretensão de qualquer time vencedor, para isso é necessário fazer a manutenção do plantel e contratar jogadores “chaves” para alguns setores. Um bom zagueiro reserva, um lateral-esquerdo, um meia capaz de fazer “sombra” para Thiago Neves e o crucial, jogadores de beirada.

Em 2019 o calendário será o mesmo, tudo indica que o treinador também. A torcida sempre vai cobrar e é de se esperar um futebol mais sofisticado sem deixar de perder seu lado maquiavélico, o time precisa de mais reparos ofensivos e se cuidar para a volta de Fred e manter a base vencedora, mas tudo com preparação. O Cruzeiro ganhou seu quarto título em seis anos, foram dois Brasileiros e duas Copas do Brasil ou melhor, foi bicampeão de cada torneio, é um feito que deixa glória e causará saudades, a missão é prolongar o DNA vitorioso e amenizar as saudades.