A Polícia Civil de Três Pontas deflagrou nesta sexta-feira (23), a Operação Califórnia, que visa acabar com os crimes de furtos registrados nos últimos meses nos bairros Califórnia I e II e em prédios públicos, que tem sido alvos de criminosos. Ao todo foram cumpridos 7 mandados de busca e apreensão, 4 deles na casa de suspeitos de serem os autores dos furtos e em 3 endereços de um comerciante de 58 anos, dono de um ferro velho no alto da Avenida Ipiranga e de uma loja de baterias no final da Rua Barão da Boa Esperança, suspeito de ser o receptador destes materiais. A filha dele de 37 anos, que estava em uma das lojas também foi presa.

A onda de furtos estava tirando o sono e a tranquilidade de quem está construindo nos bairros. Algumas pessoas foram vítimas mais de uma vez. Fiação dos imóveis e padrões estavam sendo arrancados e causando um prejuízo enorme. Teve gente que procurou a Delegacia para dizer que iria abandonar a obra dada a frustração ao chegar e descobrir que de madrugada foi vítima de ladrões, que são experientes para fazer o ‘serviço’. A maioria deles eram cometidos nos fins de semana. A audácia é tanta que entre as vítimas, estão também policiais civis e militares.

De acordo com o inspetor da Polícia Civil Gustavo Domingos, as investigações começaram imediatamente quando se percebeu a onda de furtos. Durante o trabalho investigatório, a Delegacia recebeu uma denúncia de que suspeitos dos furtos estariam queimando fios de cobre nos fundos do bairro Jardim das Esmeraldas. Quando os policiais chegavam no local, de longe viram uma enorme fumaça preta, dada a grande quantidade de fios sendo queimados para a retirada do cobre.

A partir dalí, com testemunhas e outras provas levantadas, se confirmou as suspeitas de quem estaria realizando os furtos. Com isso, ouvindo os ladrões foi possível chegar ao receptador, que tem um dos estabelecimentos próximo aos bairros Califórnia. Na casa deles foram encontrados ferramentas que eram utilizadas para fazer os furtos e também desenergizar os padrões, pois em vários ocasiões a energia elétrica já estava funcionando. O comerciante seria inclusive um grande incentivador para que eles realizassem os furtos com a garantia de que compraria tudo. A Polícia Militar também contribuiu intensificando o patrulhamento pelo local, mas alguns furtos ainda continuaram.

Durante o cumprimento dos mandados nos estabelecimentos, os policiais encontraram vários metros de fios de cobres que podem ser do Estádio Municipal Ítalo Tomagnini (Campo do Tac) ou de outros setores da Prefeitura que foram alvos, ou de uma empresa da cidade, caixas de padrão de energia, três veículos adulterados, que o investigado não soube explicar a origem. O que chamou a atenção foi a placa de inauguração da revitalização do Aeródromo Municipal, em 2002, feito pela saudosa ex-prefeita Adriene Barbosa de Faria Andrade. Ela foi encontrada toda amassada e suja de terra, no meio dos materiais que iria para a reciclagem.

O investigador Sérgio Henrique Máximo, acrescentou que no Campo do TAC foram registrados quatro furtos, todos de fios de cobre, totalizando 1,2 mil metros levados, causando um prejuízo enorme ao patrimônio público. A investigação demandou tempo e as dificuldades foram enormes porque os bairros são novos, ainda não tem moradores e nem câmeras de segurança que pudessem ajudar na identificação dos criminosos.

“O furto só acontece porque existe o receptador, que é quem compra. Focamos o nosso trabalho em identificar e chegar não apenas nos autores dos furtos mas também no receptador que encoraja os ladrões”, afirmou o inspetor da polícia.

O secretário de Meio Ambiente e membro da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde Marcelo Figueiredo, acrescentou que o prejuízo ao Município provocado por estes furtos foi enorme. Muito mais que levar os fios elétricos, na ação, a instalação e a estrutura são danificadas. Para fazer a recomposição, além de tempo de trabalho é gasto dinheiro. Sem falar na questão bastante burocrática do serviço público, que demanda ordem de serviço e processo licitatório. Toda obra que a Prefeitura vai executar tem um cronograma estabelecido pela secretaria da área. Furtos como estes colocam tudo por água abaixo.

Os dois estabelecimentos não estavam regulares e não possuíam alvarás e devem ser lacrados. No caso de depósito de materiais, a legislação determina que ele seja fechado e coberto. O material quando não é higienizado trazem pragas urbanas como baratas, ratos, escorpiões e transtornos para a vizinhança. No ferro velho da Avenida Ipiranga, o comerciante já havia sido notificado para retirar alguns materiais e carcaças de veículos que estavam em um terreno baldio que fica ao lado de maneira inadequada, acumulando água de chuva e possível proliferação do mosquito do Aedes aegypti.

Na foto, o comerciante chega preso na Delegacia de Três Pontas

Pai e filha receberam voz de prisão e apresentados na Delegacia de Polícia Civil de plantão em Varginha, onde foram ratificados os flagrantes. Os dois podem responder por receptação qualificada e adulteração de veículos. Eles serão encaminhados para os presídios de Elói Mendes e Bom Sucesso, onde ficarão a disposição da justiça. Cada material encontrado, identificado a vítima, eles responderão por um crime. Segundo a Polícia Civil, já tem de duas ou três vítimas identificadas, o que pode agravar a pena, que varia de 3 a 6 anos de prisão.

A Polícia Civil recebeu várias informações, de que ele é suspeito de comercializar peças e baterias de procedência duvidosa e sem nota fiscal. Durante o cumprimento dos mandados, os policiais encontraram um acervo contábil que será encaminhado para a Receita Estadual que irá apurar um possível crime. Quando terminavam as buscas na Rua Barão da Boa Esperança, um cliente chegou vindo da cidade de Nepomuceno, a 50 quilômetros, para comprar uma bateria, por causa do valor muito abaixo de mercado.

Receptação em TP e Boa Esperança 

O comerciante já foi preso em Boa Esperança. Em 2011, a Polícia Civil da cidade prendeu o homem por suspeita de receptar veículos e peças furtadas. Na época, a ação contou também com a participação da fiscalização da Prefeitura que também lacrou seu estabelecimento.

Já no ano passado, o comerciante foi preso suspeito de integrar uma quadrilha especializada em furtos de café. O grupo teria praticado pelo menos cinco furtos em um armazém, no bairro Santana em Três Pontas.

Eles teriam arrombado os cadeados dos portões, desligado a energia elétrica para cortar os fios do alarme e não serem flagrados e invadido o local. Lá dentro, eles furavam os bag’s para retirar os cafés e coloca-los em sacas de 60 quilos para facilitar o transporte. Da última vez foram cerca de 12 sacas levadas. Porém, esconderam em um matagal próximo do armazém. Durante a tarde, eles foram vistos colocando o café em uma Kombi e foram denunciados na Polícia Militar. As sacas foram encontradas na casa do comerciante no bairro Padre Vitor. Ele e outros dois homens foram presos.

Foto: Arquivo EP

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here