A indignação de pais das crianças atendidas no Centro Municipal de Educação Infantil Pedacinho de Céu, chegou na Câmara Municipal e a atitude da ex -servidora foi lamentada por todos os vereadores durante a reunião desta segunda-feira (12). O clima pesou no Plenário Presidente Tancredo Neves e houve comoção do começo ao fim.

Nem mesmo a presença do secretário de Cultura, Lazer e Turismo, Alex Tiso Chaves foi capaz de mudar ao falar sobre a Lei Paulo Gustavo, que destina recursos para apoiar o setor e socorrer os trabalhadores da cultura que foram duramente atingidos pela pandemia de Covid-19.

Antes do Pequeno Expediente, foi feita a leitura de um Requerimento protocolado na Casa Legislativa, que solicita a criação de uma Comissão de Investigação, para averiguar as denúncias de maus tratos no estabelecimento educacional, diante da oportunidade que os pais tiveram ao assistir as imagens do circuito de monitoramento daquela instituição. Os fatos foram noticiados primeiro pela Equipe Positiva e ganhou depois espaço na imprensa da região.

Todos os parlamentares repercutiram o assunto e mesmo a base do prefeito Marcelo Chaves Garcia (PSD) na Câmara, criticou de forma veemente como o caso foi tratado. Começando pelo vereador Luciano Reis Diniz (PV), iniciou dizendo que é preciso investigar, descobrir os culpados para serem punidos. Ele não sabe bem ao fundo o que ocorreu, mas admitiu que tudo que é feito as claras não há problemas, o que sempre alertou o Poder Executivo que faça. Luciano diz que quando os pais deixam as crianças na creche ou no setor privado, espera que eles sejam bem cuidados. O vereador opinou que as imagens não podem ser amplamente expostas, mas os pais que tinham seus filhos com a educadora denunciada teriam que ser informados.

Já a vereadora Maria Selena Silva (Selena Caté – PSD) acrescentou que a própria justiça vai tomar as providências quanto a estas denúncias e que as servidoras que cuidam das crianças precisam ter um psicológico muito bom.

Luis Flávio Floriano (Flavão – PDT), diz que não assistiu ao vídeo, mas lamentou que isto tenha ocorrido. Na visão dele, as pessoas estão precisando rezar e procurar mais a Deus, listando o homicídio registrado na semana passada e este caso de maus tratos na creche.

O vereador Francisco Fabiano Diniz Júnior (Professor Popó – PP), criticou que o caso tenha sido exposto em rede social antes dos pais saberem. Isto porque, os maus tratos teria ocorrido no dia 04 de maio e ‘vazado’ mais de um mês depois, para se tomar providências jurídicas. Na opinião do professor, profissionais desta área precisam ter a máxima tranquilidade. Popó diz que vai cobrar quais providências foram tomadas para sanar os danos psicológicos nestas crianças.

Um ato de crueldade, avaliou o vereador Geraldo José Prado (Coelho – PSD). Indignado com as educadoras que estavam na mesma sala da que está sendo alvo de investigação, a que ele considera ser conivente, Coelho aponta que elas deveriam ser demitidas também e menciona a demora em expor aos pais o ocorrido. Pelo jeito, a intenção era esconder este ato de covardia, praticado por uma educadora que deveria fazer o papel de mãe.

O vice presidente da Câmara Luan Donizete Elias (Luan do Quilombo -PDT), também entrou no assunto. Relatou que não tem filhos, mas três sobrinhos e imagina se fosse um deles. Na fala, Luan não esconde o seu pensamento de que a Secretaria de Educação erro feio e de extrema grandeza em não comunicar o fato. Assim como acontece quando uma criança briga com a outra.

O erro foi também da Procuradoria Geral do Município, que é guardião da justiça do Poder Executivo, tem autonomia e poder de polícia, mas preferiu esperar mais de um mês para ver o que aconteceria. Por isso, o repúdio é também ao advogado Dr. Yves Tavares.

O vereador Sérgio Eugênio Silva (Cidadania) diz que a situação é complicada. Emotivo antecipa que não quer ver o vídeo, mas que sua filha soube e lhe contou que tem crianças que eram atendidas pela servidora contratada que choram para trocar fraldas, devido ao que estaria sofrendo dentro da creche. Mas também entende que não pode generalizar pois não são todas as profissionais. Sérgio terminou lembrando que a duas semanas, as educadoras estavam protestando na Câmara contra a rescisão contratual que será feita pela Prefeitura.

Já Roberto Donizetti Cardoso (Robertinho – DEM), não escondeu sua visão e pontuou que todos foram omissos, desde a direção da creche até o prefeito Marcelo Chaves. Justificou que caso não vazasse a notícia em rede social, nada teria sido feito. Robertinho participou da reunião de manhã na Secretaria de Educação e viu pais chorando e saindo sem nenhuma resposta. A diretora da creche jogou a culpa de não ter comunicado aos pais à Secretaria, justamente no dia que a secretária de Educação Mariane Pimenta não pode comparecer.

Outro professor que é secretário da Mesa Diretoria, é o vereador Maycon Douglas Vitor Machado (PSD). Visivelmente abalado, ele pediu desculpas ao pais das crianças ao se colocar na situação deles, caso fosse sua sobrinha. Maycon diz ficar com nó na garganta, com vontade de chorar e reforça que a Câmara tem um papel importante e pode atuar na busca pela verdade, com um trabalho imparcial e impecável.

Com experiências na Apae de Três Pontas e na Fuvae, em Varginha, com estudantes com deficiências, onde o tratamento deve ser ainda melhor, Maycon lembrou dos meios que os pais devem pedir resposta, ter uma explicação do que ocorreu naquele dia.

Paulo Vitor da Silva (Paulinho – PP), falou de inércia, falta de atitude, de coragem e competência para fazerem jus ao cargo de decisão que ocupam. Talvez se fosse imediatamente, não sabe se chegaria a esta situação de tanta tristeza. Como ex-secretário da Educação, Paulinho afirma que os CMEI’s prestam relevantes serviços e que não pode generalizar.

O presidente da Câmara Antônio Carlos de Lima (Antônio do Lázaro – PSD), se sentiu solidário e revela que quando seu filho estava na creche, ele já teria apanhado de uma “tia”. Antônio diz que ele só tomou conhecimento dos fatos depois que o menino ficou mais velho.

No final da reunião, Maycon tomou mais uma iniciativa a favor dos pais. Pediu para Antônio, que ao concluir a sessão abrisse espaço a dois pais que haviam acompanhado toda a reunião. Walace Lourenzo e Bryan Felipe tem filhos no Centro de Educação Pedacinho de Céu. Walace falou primeiro. Revelou que a creche era referência, que ele esperou na fila por dois anos. Quando conseguiu se sentiu aliviado pois tinha a certeza que o casal de gêmeos seria bem cuidado, mas foi tudo muito ao contrário. Os meninos ficavam mais doentes do que na creche. Ao descobrir o que havia ocorrido, ele disse que não vai levá-los mais para lá, pois perdeu a confiança.

Felipe não escondeu que faltou conhecimento do Poder Executivo para tratar do caso. Visivelmente abalado, ele contou que não conseguiu trabalhar como precisava nesta segunda-feira e que saiu do trabalho e foi direto para a Câmara, justificando que outros pais deveriam estar ali lutando pelos seus direitos, pois debater em grupo de whatsapp não resolve.

Ambos disseram que estão prontos para ajudar no que precisa, para que o caso seja apurado, as responsáveis punidas e as medidas sejam levadas ao conhecimento de todos para que não aconteça.

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