Por Mariana Tiso, Equipe Positiva

Na manhã de sexta-feira (08), Três Pontas testemunhou um evento transformador: o “1º Simpósio de Diálogos Interdisciplinares para Enfrentamento da Violência Doméstica contra Mulheres”. Este evento, parte das ações da “Campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, foi promovido pela Polícia Militar da região, contando com a participação de representantes de instituições essenciais no combate à violência doméstica.

Auditório com a PM no “1º Simpósio de Diálogos Interdisciplinares para Enfrentamento da Violência Doméstica contra Mulheres”

O encontro apresentou palestrantes notáveis. Dentre eles, a Dra. Ana Gabriela Brito Mello Rocha, promotora de justiça titular da 3ª Promotoria de Justiça na Comarca de Três Pontas. Sua palestra, intitulada “Breves Apontamentos para uma Escuta Qualificada de Vítimas de Violência Doméstica e Familiar”, prometeu fornecer insights valiosos para uma abordagem mais sensível e eficaz diante das vítimas.

Dra. Ana Gabriela Brito Mello Rocha, promotora de justiça titular da 3ª Promotoria de Justiça na Comarca de Três Pontas

 

Sargento Bárbara, representante da cidade de Varginha

A Segundo Sargento PM, Bárbara Rodrigues de Oliveira, responsável pela Patrulha de Prevenção à Violência Doméstica (PPVD) no 24º Batalhão de Polícia Militar,  trouxe uma visão especializada sobre a “Rede de Enfrentamento à Violência Doméstica”. Sua experiência enriqueceu as discussões, destacando estratégias e a importância da colaboração entre diferentes setores para combater efetivamente esse problema crescente.

A Delegada Hipólita Carvalho, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Três Corações, abordou a vitimização das mulheres no Brasil nos últimos anos. Suas reflexões questionaram se o aumento nas denúncias se deve à conscientização crescente ou ao aumento real da violência doméstica. Seus números impactantes ressaltaram a urgência de ações para reverter essa realidade.

Delegada Hipólita Carvalho, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Três Corações

Dra. Poliana Azevedo Penha, presidente da Comissão da Mulher Advogada e Comissão do Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar da Subseção da OAB, contribuiu com uma discussão sobre a importância da OAB no enfrentamento da violência doméstica e os principais direitos das vítimas.

Dra. Poliana Azevedo Penha, presidente da Comissão da Mulher Advogada

Ainda sobre o simpósio

Durante o 1º Simpósio de Diálogos Interdisciplinares para Enfrentamento da Violência Doméstica contra Mulheres, a Delegada Hipólita Carvalho, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Três Corações, apresentou dados impactantes sobre a realidade da violência contra as mulheres no Brasil. A pesquisa, encomendada por entidades renomadas como Datafolha e Uber, proporcionou uma visão clara e objetiva dos desafios enfrentados.

Os números, provenientes da pesquisa, indicam que 33,4% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais já sofreram violência física ou sexual por parte de seu parceiro íntimo ou ex-parceiro, superando a média global de 27%. Isso representa um total de 21,5 milhões de mulheres afetadas por essa violência. As formas mais prevalentes de agressão são a psicológica, seguida pela física, sexual, familiar e, por último, a negação de acesso aos recursos mínimos de sobrevivência.

Outros dados relevantes incluem o registro de 28,9% das mulheres que já sofreram algum tipo de violência ou agressão, totalizando 18,6 milhões de vítimas. Entre os tipos de agressão, 23% são ofensas verbais, 13,5% são perseguição, 11% correspondem a violência física, chutes e socos, 5,4% são espancamento ou tentativa de estrangulamento, e 5,1% envolvem ameaça com arma de fogo.

A média de quatro episódios de violência sofridos no último ano chama a atenção, aumentando para nove agressões entre mulheres divorciadas. Além disso, 26% das agressões são cometidas por ex-companheiros, enquanto 8,4% são perpetradas por outros familiares.

Os gráficos apresentados durante a exposição da delegada traçam uma evolução histórica dos tipos de violência contra a mulher nos últimos anos. Destaca-se o crime de perseguição, inserido no Código Penal em 2021 pelo artigo 147A, como o de maior evolução histórica.

O simpósio, ao trazer esses dados à tona, reforça a necessidade de unir esforços para erradicar essa problemática que afeta tantas mulheres diariamente.

Primeira-dama Aparecida Maria Chaves Garcia destacou a importância do evento e da iniciativa 

Além das palestras, o simpósio contou com a participação da primeira-dama Aparecida Maria Chaves Garcia, que, mesmo não sendo palestrante oficial, subiu ao palco a convite para destacar a importância crucial do acolhimento às vítimas de violência doméstica. Ela ressaltou o papel essencial do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) nesse processo.

A primeira-dama abordou a complexidade da escuta especializada, reconhecendo a falta de uma qualificação específica. No entanto, elogiou o trabalho técnico e dedicado dos profissionais do CREAS, que conseguem oferecer um suporte eficaz mesmo sem essa especialização formal. Ela compartilhou detalhes sobre como a equipe avalia as necessidades imediatas da vítima, que vão desde alimentação até possíveis encaminhamentos para exames ou órgãos competentes.

Aparecida Maria Chaves Garcia expressou preocupação com as situações que ocorrem nos finais de semana e feriados, quando a equipe do CREAS não está disponível em seu horário regular. Nesse sentido, ela destacou a busca por soluções que possam oferecer suporte aos profissionais da polícia em situações de emergência, sublinhando o compromisso contínuo em aprimorar os serviços e garantir que as vítimas tenham o apoio necessário em todos os momentos.

Primeira-dama Aparecida Maria Chaves Garcia

No encerramento do 1º Simpósio de Diálogos Interdisciplinares, fica evidente que este não foi apenas mais um evento, mas um passo significativo em direção a uma sociedade mais segura e consciente. A união de diferentes áreas de atuação, aliada ao comprometimento de profissionais e autoridades, reflete a disposição em enfrentar um desafio complexo e persistente. Que este seja o primeiro de muitos passos na construção de um futuro onde a violência doméstica seja uma triste lembrança do passado. O compromisso é contínuo, e a luta pela erradicação da violência persiste. Que este simpósio seja o catalisador de uma mudança duradoura e positiva em nossa comunidade.

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