Provedor da Santa Casa de Três Pontas Michel Renan Simão Castro

 

Por Mariana Tiso, para Equipe Positiva

No centro das atenções está a Santa Casa de Três Pontas, onde o provedor Michel Renan Simão Castro oferece uma visão detalhada dos desafios que a instituição enfrenta. Com um comunicado recente sobre a superlotação do Hospital, o foco volta-se para entender os números por trás da preocupação e as medidas necessárias para enfrentar a situação.

Desafios da superlotação e demanda crescente

A Santa Casa atualmente dispõe de 121 leitos, incluindo 10 de UTI. Esses leitos são distribuídos em diferentes clínicas, como ginecologia e obstetrícia, clínica médica, psiquiatria e clínica cirúrgica. Michel destaca a importância de direcionar os pacientes para as clínicas apropriadas, evitando colocar aqueles com sintomas específicos em áreas inadequadas.

A superlotação tornou-se uma preocupação evidente quando todos os leitos disponíveis foram comprometidos. A demanda, não apenas por COVID-19, mas também por dengue, problemas cardíacos, AVC e outras condições, tem aumentado significativamente. Michel enfatiza que a estruturação de novos leitos não é uma tarefa simples, requerendo não apenas camas adicionais, mas também expansão de laboratórios, contratação de pessoal qualificado e preparação adequada para atender às necessidades dos pacientes.

Impacto financeiro e compromisso com o atendimento de qualidade

A situação é agravada pela falta de recursos financeiros. Michel explica que a Santa Casa enfrenta um déficit mensal considerável, o que dificulta a expansão e melhoria dos serviços oferecidos. Apesar das limitações, a instituição continua comprometida em oferecer atendimento de qualidade, mesmo para aqueles que não têm condições de pagar pelos serviços.

Abrangência regional e parcerias estratégicas

O Hospital não apenas atende a população local, mas também recebe pacientes de uma vasta região circundante. A demanda não se limita apenas aos residentes de Três Pontas, mas se estende a municípios vizinhos e além. Além disso, a instituição estabeleceu parcerias com outras cidades para oferecer serviços médicos especializados, como hemodiálise, ampliando ainda mais sua área de atuação.

Conquistas e reconhecimento

A inauguração da hemodiálise é destacada como uma conquista significativa durante o período de gestão de Michel. Ele explica que o projeto arquitetônico foi cuidadosamente elaborado para atender às necessidades específicas da Santa Casa, garantindo a qualidade e eficiência dos serviços prestados.

Em relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), Michel esclarece que a Santa Casa opera dentro das diretrizes do sistema, priorizando o atendimento com base na gravidade e necessidade dos pacientes, independentemente de sua condição financeira. Ele destaca os esforços do governo em melhorar o acesso aos serviços de saúde, incluindo um aumento significativo no número de cirurgias realizadas.

Compromisso com a população e reconhecimento da importância da Santa Casa

É evidente que a Santa Casa de Três Pontas enfrenta desafios significativos, mas continua comprometida em fornecer atendimento de qualidade e acessível a todos. A superlotação e a demanda crescente exigem medidas urgentes, e Michel Renan Simão Castro está determinado a enfrentar esses desafios de frente, garantindo que a instituição continue sendo um pilar vital da comunidade local e regional.

Equipe Positiva: Vamos direto ao ponto. Nós te chamamos aqui com relação àquele comunicado que foi postado na última sexta-feira sobre a superlotação da Santa Casa. Temos que perguntar quantos leitos a Santa Casa tem hoje para que as pessoas possam entender essa preocupação com a Santa Casa em absorver essa demanda.

Provedor da Santa Casa, Michel Renan Simão Castro: A gente percebe que nós temos muitos desencontros de informações, e as pessoas simplesmente, sem ter conhecimento da realidade e de como funciona, às vezes trazem informações sem fundamentos e descabidas. A Santa Casa conta com 121 leitos, sendo 10 leitos de UTI, e esses leitos são divididos por clínicas, no caso ginecologia e obstetrícia, clínica médica, psiquiatria, clínica cirúrgica. Nós temos que pensar o seguinte: eu não posso pegar os pacientes com sintomas respiratórios, COVID ou dengue e colocar na maternidade. A maternidade hoje tem 15 leitos e eu não posso pegar algum desses pacientes e colocar na maternidade. Não posso também pegar um paciente desses e colocar na psiquiatria ou na clínica cirúrgica. Ele tem a clínica específica. Então, a clínica geral conta com 23 leitos, mas não podemos deixar esses pacientes sem atendimento. Em relação àquele comunicado, ele se deu pelo seguinte: naquele momento, na sexta-feira, nós estávamos com todos os leitos disponíveis comprometidos. Fizemos até uma visita para fazer uma avaliação e traçar estratégias para ver como nós iríamos absorver aqueles pacientes que estavam aguardando internações no pronto atendimento, tanto para clínica quanto para UTI, porque a UTI, durante os 365 dias do ano, nós temos uma demanda acima da nossa capacidade, além dos 10 leitos. Então, naquele momento, nós não tínhamos como manter os pacientes. Então, nós voltamos o comunicado porque na semana anterior nós já ficamos com pacientes que chegaram na sexta para internar só conseguimos internar no domingo, então nós não queremos que isso aconteça. Então, nós temos que usar dessa credibilidade da população que tanto contribui com a Santa Casa. Então, nós temos que dar a publicidade naquele momento porque não tínhamos como receber mais pacientes. Até pacientes de outras cidades acabam vindo para cá também, então eles tinham que saber que naquele momento nós não tínhamos condições de realizar mais internações como está acontecendo em Varginha e em diversos locais. Então, aquele comunicado se deu por esse motivo.

Equipe Positiva: Em relação aos leitos, como que vocês coloca acima e o que vocês fazem para disponibilizar mais leitos e atender acima desses 23?

Michel Renan: Nós temos os leitos disponíveis no cadastro, disponíveis no particular, e acabamos indo em determinado momento colocando esses pacientes nesses leitos para que eles não fiquem sem internação. Então, nós fazemos esses movimentos com a intenção de absorver essa demanda e, à medida que vamos corrigindo esses leitos, um ponto muito importante, em relação àquele momento do COVID, neste final de semana nós passamos por mais de 20 pacientes internados na Santa Casa com sintomas respiratórios, com dengue, com COVID e doença pulmonar obstrutiva crônica. E o próprio nome já diz, é uma doença que obstrui os fluxos de ar, então, quando atinge certo comprometimento, é um paciente grave que exige um tempo de internação e existe uma preocupação gigante em cima desse paciente. Em relação ao COVID, e hoje naquele momento da COVID, nós só tínhamos praticamente pacientes com COVID, nós não tínhamos outras internações. Nesse momento, além de dengue, COVID e sintomas respiratórios, nós temos muitas outras patologias como diabetes, que hoje a maior demanda e maior tempo de internação a população está tendo cada vez mais problemas com a diabetes. Temos também um enorme número de AVC e problemas cardíacos, e temos que estudar porque isso está acontecendo. Acredito, na minha concepção, que já existiu números, mas não eram tão divulgados. Acredito que pode estar acontecendo uma crescente devido ao estilo de vida das pessoas hoje, uma vida cada vez mais agitada e com maiores preocupações. Então, isso nós somos resultados do que vivemos. Outro ponto muito importante que tem que ser trazido é que nós temos pacientes de 92 anos na Santa Casa hoje, como também temos bebês de meses, então temos uma variedade enorme de idade dentro da Santa Casa e eu acredito que o mais importante para esse momento é realmente investir em pesquisas e em buscas de encontrarmos respostas que às vezes não temos e que as pessoas ficam trazendo superstições e encobrindo a realidade de fato.

Equipe Positiva: Os problemas cardíacos também estão presentes nessa superlotação da Santa Casa?

Michel Renan: Muito. Nós temos tido em média 3 pacientes que precisam de transferência para a nossa referência que é Varginha para fazer alguma cirurgia e algum procedimento específico com histerismo, então é uma crescente que nos traz grande preocupação porque Varginha hoje é referência pra mais de 100 municípios. Então essa quantidade de municípios se portando em Varginha, então eles também têm dificuldade.

Equipe Positiva: As pessoas vão se perguntar por que vocês não ampliam o número de leitos. Qual a dificuldade em fazer isso?

Michel Renan: Há cinco anos atrás, quando nós começamos a dar corpo no projeto da hemodiálise, nós trabalhamos durante esses cinco anos para que nós pudéssemos realmente atender os pacientes que viriam. Não é simplesmente abrir 1/4 e colocar uma cama, você precisa aumentar teu laboratório, aumentar e preparar os colaboradores, você precisa trazer novos profissionais médicos. Então não é simplesmente você falar que eu vou abrir leitos. Não, você tem que abrir leitos com toda a estrutura para que aquele paciente consiga evoluir porque se você não mudar essa estrutura, ao invés dele evoluir, ele piora.

Equipe Positiva: Nós frequentemente ouvimos algumas pessoas falando sobre estar esperando por uma vaga na UTI. Eu queria que você explicasse para as pessoas que não sabem como funciona essa situação. Entendendo que o SUS é o maior plano de saúde do mundo, eu queria que você explicasse para a gente como é que funciona o SUS.

Michel Renan: Realmente, o SUS é um plano de saúde de todo brasileiro e, por ser de todos, você precisa respeitar o tempo dele. Muitas pessoas às vezes estão na fila do SUS por um período longo, anteriormente era ainda mais longo em termos de cirurgias. Um dos méritos deste governo do Romeu Zema foi um projeto onde nunca se operou tantas pessoas como está se operando hoje. Existia uma demanda gigante. Para vocês terem uma ideia, neste quadrimestre muito provavelmente nós vamos operar mais de 300 pessoas na Santa Casa em cirurgias eletivas que estavam atrasadas. Mais de 300. Eu nunca vi tantas cirurgias, não só aqui, mas em muitos outros lugares. Com bastante inteligência, foi criado um projeto muito sabiamente que quanto mais você opera, melhor você recebe. Quanto mais você produz, melhor eu te pago. Isso fez com que os hospitais realmente ingressassem neste projeto e buscassem cada vez mais a cirurgia, porque como já foi dito, o déficit gerado para cirurgias é gigante. Então, como a Santa Casa, o ponto dela não é perceber lucros, mas sim mantê-la aberta e oferecer cada vez mais o melhor serviço, nós aderimos a esse projeto de operar mais e estamos realizando números gigantes de procedimentos. Quando o paciente chega aqui, a referência do paciente naquele momento é em Três Pontas. Três Pontas não tem a capacidade de receber aquele paciente. O laudo dele começa a girar em Varginha, Alfenas, Lavras, para Itajubá, e Pouso Alegre. Se algum desses locais tiver disponibilidade, esse paciente vai se dirigir até lá. Agora, uma coisa que temos que trazer para a população é o seguinte: às vezes um munícipe chega no pronto atendimento e ele acha que simplesmente o médico avalia e ele entra para dentro da Santa Casa. Não é assim. Como eu disse, esse leito entra nele às vezes leva meia hora, 40 minutos, ou até uma hora, dependendo da demanda, para dar o acesso ao leito ou negar. Se negar naquele momento e a Santa Casa não tiver a capacidade de receber, naquele momento, ela nega o laudo e esse laudo começa a girar no sistema. Havendo negativa, esse laudo novamente retorna para a Santa Casa. Outra coisa importante, o paciente chegou no pronto atendimento, foi avaliado pelo médico, e o médico pediu algum exame ou clínica de imagem para ver realmente se aquele paciente demanda uma internação. Isso pode gerar às vezes a espera de uma hora, duas horas, ou três horas. Então, as pessoas precisam entender que para internar ele precisa ter na mão um laudo que realmente demonstra aquela necessidade de internação.

Dentro do PAM, quando ele adentra no PAM, independente dele ser rico ou ser pobre, a ordem de espera se deve à necessidade, ao risco do paciente, que foi triado ali. Se é paciente que está infartando ali, é óbvio que ele vai ter a preferência. O paciente que está sangrando, óbvio que vai ter a necessidade de uma rapidez maior. Agora, quando o paciente diz que é particular, ele vai ser direcionado à Santa Casa e aí o processo é outro, na recepção da Santa Casa. Agora, se ele quiser usufruir do direito de todo brasileiro, ele vai passar pela triagem naturalmente pela cronologia da gravidade do caso dele.

Equipe Positiva: Nós escutamos muitas vezes algumas pessoas que falam estar esperando pela UTI. Eu queria que você explicasse para as pessoas que não sabem como funciona essa situação. Entendendo que o SUS é o maior plano de saúde do mundo, queríamos que você explicasse para gente como funciona o SUS.

Michel Renan: Realmente, o SUS é um plano de saúde de todo brasileiro, e como é de todos, você precisa respeitar o tempo dele. Muitas pessoas, às vezes, estão na fila do SUS por um período longo. Anteriormente, era muito mais longo que hoje, em termos de cirurgias. Um dos méritos deste governo do Romeu Zema aconteceu um projeto onde nunca se operou tantas pessoas como está se operando hoje. Existia uma demanda gigante. Para vocês terem uma ideia, este mês, na verdade, neste quadrimestre, muito provavelmente nós vamos operar mais de 300 pessoas da Santa Casa em cirurgias eletivas. Estas cirurgias estavam atrasadas, mais de 300. Eu nunca vi tanta cirurgia, não só aqui, mas em muitos outros lugares. Com bastante inteligência, foi criado um projeto muito sabiamente, que quanto mais você opera, melhor você recebe, quanto mais você produz, melhor eu te pago. Isso fez com que os hospitais realmente ingressassem neste projeto e buscassem cada vez mais a cirurgia. Porque, como já foi dito, o déficit gerado para cirurgia é gigante. Então, como a Santa Casa, o ponto dela não é perceber cursos, mas sim mantê-la aberta e oferecer cada vez mais os melhores serviços. Nós aderimos a esse projeto do “opera mais” e estamos realizando números gigantes de procedimentos. Quando o paciente chega aqui, a referência do paciente naquele momento, ele está em três pontas. Três Pontas não tem a capacidade de receber aquele paciente. O laudo dele começa a girar em Varginha, Alfenas, Lavras, para Itajubá, a Pouso Alegre, e algum desses locais tiver disponibilidade, esse paciente vai se dirigir até lá. Agora, uma coisa que tem que trazer para a população é o seguinte: às vezes um munícipe chega no pronto atendimento e ele acha que simplesmente o médico avalia e entra para dentro da Santa Casa. Não é assim, como eu disse. Esse leito entra nele. Às vezes leva meia hora, 40 minutos ou até uma hora, dependendo da demanda, para dar o acesso ao leito ou negar. Se negar naquele momento, e a Santa Casa não tiver a capacidade de receber, naquele momento ela nega o laudo e esse laudo começa a girar no sistema. Havendo negativa, esse laudo novamente retorna para Santa Casa. Outra coisa importante: paciente chegou no pronto atendimento, foi avaliado pelo médico e o médico pediu algum exame ou clínico de imagem para ver realmente se aquele paciente demanda uma internação. Isso pode gerar às vezes a espera de uma hora, 2h00 ou 3h00. Então as pessoas precisam entender que para internar ele precisa ter na mão o laudo que realmente demonstra aquela necessidade de internação.

Dentro do PAM quando ele entra, independente dele ser rico ou ser pobre, a ordem de espera se deve à necessidade, ao risco do paciente, que foi triado ali. Se é paciente que está enfartando, ali é óbvio que ele vai ter a preferência. O paciente que está sangrando, óbvio que vai ter a necessidade de uma rapidez maior. Agora, quando o paciente diz que é particular, ele vai ser direcionado à Santa Casa, e aí o processo é outro. Na recepção da Santa Casa, agora se ele quiser usufruir do direito de todo o brasileiro, ele vai passar pela triagem naturalmente, pela cronologia da gravidade do caso dele.

Equipe Positiva: Quantas pessoas já estiveram na fila no pronto-socorro esperando por uma vaga no Hospital?

Michel Renan: Não vou dizer COVID-19, porque no COVID19 nós chegamos a 30 pacientes aguardando vagas. Mas naquela época nós tínhamos praticamente 50 leitos de clínica, mas nós chegamos até 30 pacientes aguardando. E é natural que as pessoas precisam saber que dentro do pronto atendimento existem três leitos de emergência, é como se fosse um CTI e não uma UTI.

Equipe Positiva: A pessoa está no pronto-socorro e está na CTI ela está sendo cuidada como se estivesse no Hospital?

Michel Renan: Ela está ali recebendo tratamento indicado e está sendo medicada para que no primeiro momento e na primeira oportunidade ela vá para UTI. Ela vai ter o atendimento mais personalizado pra ela. Cada leito nós temos um técnico disponível, a cada leito nós temos um técnico enfermeiro disponível. Então nós temos uma equipe hoje multidisciplinar com psicólogo, com fisioterapia, o médico plantonista. Nós temos uma equipe. Outra coisa muito importante que eu jamais me canso de falar é que os mentores da UTI de três pontas é o Albert Einstein, nós trocamos informações recorrentes e fomos recebemos uma homenagem recentemente em Brasília devido à alta deficiência e qualidade do serviço da nossa UTI. Nós fomos levados a Brasília como a UTI de sucesso.

Equipe Positiva: Albert Einstein acompanhou como se fosse uma auditoria da equipe. O que foi feito nesse projeto do Albert Einstein que é referência aqui no Brasil em termos hospitalares?

Michel Renan: Nós tivemos a satisfação de ser a UTI de sucesso, uma UTI que teve e alcançou todos os parâmetros e alcançou os objetivos. A Santa Casa não é uma entidade para alguns, ela é uma entidade para todos, porque no momento em que nós mais necessitamos quando estamos acometidos por alguma doença. Então por isso nós tentamos fazer com que a Santa Casa esteja cada dia melhor. Em relação às dívidas, a Santa Casa jamais deixará de ter dívidas, quanto mais ela cresce mais em dívida ela vai ficar porque o valor que a gente recebe é deficitário e ela só fica aberta porque é uma Santa Casa porque as demandas são gigantes e os recursos são cada vez mais escassos. É importante dizer também que passam mais de 400 pessoas todos os dias na Santa Casa.

Então, digo que a Santa Casa hoje é uma das secretarias mais importantes da administração municipal, e não estou ali por vaidade.

Nesses sete anos, recebemos cerca de 10 milhões de reais de emendas, o que é de grande importância, mas é insuficiente para suprir nossas demandas. Hoje, segundo cálculos do Ministério Público Estadual em conjunto com a Federação das Associações Comerciais, o déficit nos atendimentos via SUS está aproximadamente entre 700.000 e 1 milhão de reais.

Equipe Positiva: O que deve ser feito para amenizar essa situação?

Michel Renan: Como eu disse, o projeto “Opera Mais” está sendo cada vez mais aprimorado dentro do estado de Minas Gerais e até replicado para outros estados. São Paulo veio aqui copiar o que está sendo feito em Minas, que é pagar realmente para as instituições que produzem, pagar um valor justo. Hoje temos mais de 600 aiz em Minas Gerais e muitos hospitais não fazem sentido ter, por exemplo, a referência que eu falei dos atendimentos cardíacos. Por que isso acontece? Porque o valor pago é insuficiente. Se eles fizerem todos os procedimentos necessários, geram um déficit gigante. Tudo dentro da Santa Casa é controlado, todos os processos são controlados no intuito de profissionalizar. Estamos criando dentro da Santa Casa um setor específico para auditar todos os processos. Isso será feito dentro da Santa Casa. Teremos uma pessoa que vai controlar tudo. Minha preocupação é tão grande que nem no grupo de conselheiros fiscais eu participo, eles têm independência plena. O que decidem está decidido, e eu não intervenho nas decisões deles em nada. Falo todas as vezes: a Santa Casa está aberta para qualquer tipo de auditoria, e vou me sentir mais tranquilo, porque enquanto estamos cuidando de algo que é de todos, tem que estar aberto, transparente, e o mais assertivo possível.

Não tenho dificuldade nenhuma com crítica e nem com ofensa. Sei filtrar realmente e consigo conviver. Procuro dar a resposta da maneira mais cordial possível. E sei que não conseguimos agradar a todos, porque as pessoas não estão preparadas para receber. Agora, fazer a gestão de uma entidade como a Santa Casa, a maior farmácia do município, que tem uma cozinha gigante, que interna praticamente 60 a 70 pacientes por dia, é o cliente mais difícil que existe. Porque quem queria estar na Santa Casa? Ninguém. Mais difícil que isso não existe.

Equipe Positiva: Ainda não citamos a Maternidade, que a pouco tempo teve até uma confusão de que iria fechar por questão de médicos. Vocês conseguiram reverter a situação?

Michel Renan: A gente percebe, seguindo esse seu comentário, que os três dias que ficou fechado não foram nada relevantes em relação aos mais de 3.000 dias abertos. Então, a pessoa não estava preocupada com as dificuldades que enfrentamos durante três dias. Somente com os três dias que não foram problema da Santa Casa e nem de pagamento, foram outras questões. Então, esses três dias foram insignificantes. Percebemos que as pessoas muitas vezes não estão abertas ao entendimento. Elas querem criticar, ofender e denegrir, e quem perde é a própria população. As pessoas precisam entender que existe um tempo, e esse tempo, de repente, tem pessoas que estão mais jovens dentro da instituição e às vezes estão realizando um trabalho melhor. Isso não quer dizer que as pessoas mais antigas não estejam realizando um bom trabalho. Agora, eu não tenho capacidade técnica para fazer essa avaliação. Eu não administro a Santa Casa sozinho. O que não permito é a perseguição contra essas pessoas que escolheram quem seriam desligados. Perseguição ou não, permitiria de forma alguma. Não quero ter essa dor na minha consciência, de saber que, por algum critério pessoal, alguém foi desligado. O que acontece é que, quando nós iniciamos a hemodiálise e UTI, preparamos uma série de pessoas para que trabalhassem nessas áreas. Tivemos um quadro inflável de colaboradores que não estavam aqui, estavam treinando fora, em Itajubá, em Oliveira e em Lavras, e foram capacitados. Como a hemodiálise teve um período para que começasse a funcionar automaticamente, nós tínhamos que desligar algumas pessoas, e essas pessoas não foram desligadas por mim, foram desligadas por uma equipe de pessoas que escolheram. Agora, querer explicar algo que a pessoa não queria é outra coisa. Uma coisa que tive mais gratificação foi que a empresa que mais aposenta pessoas no município é a Santa Casa de Três Pontas. É porque aqui as pessoas ficam mais tempo. Em outras décadas, já ouvi falar que a Santa Casa não pagava e que a Santa Casa não recebia, e hoje todo mundo recebe o que é de direito. Amo as críticas, elas me fazem evoluir. Outra coisa importante que precisa ser dita é que, quando você demite alguém, tem os últimos cinco anos para acertar com ela, porque as outras verbas se tornam prescritas mediante a reclamação, e a Santa Casa, enquanto estou aqui, nunca deixei de pagar um direito de um colaborador que estava aqui há 20 anos, 15 anos. Todos receberam durante o tempo que permaneceram aqui, ninguém ficou sem receber.

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