A Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis, considera a quinta-feira, dia 13 de janeiro, como uma data histórica na instituição de saúde. É que equipes médicas realizaram a captação de órgãos de um jovem de 22 anos, vítima de um acidente no fim de semana e acabou tendo morte cerebral diagnosticada na última terça-feira (11). Foram doados, o coração, os rins, o fígado e as córneas e no mínimo seis vidas podem ser salvas.
Alessandro de Paula Vitor Júnior, morreu após sofrer um acidente de moto. Ele caiu durante uma manobra e estava sem capacete. O jovem foi submetido a cirurgia, no dia seguinte apresentou melhoras, mas não resistiu e acabou falecendo.
De acordo com a enfermeira responsável técnica do Centro de Terapia Intensiva (CTI), Tatiane Vieira de Paula Meinberg, a Comissão Intrahospitalar e de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT), quando soube da situação do diagnóstico do paciente, fez uma abordagem totalmente sigilosa e humanizada com a família, que decidiu, então, doar todos os órgãos possíveis. “Com o sim generoso dos familiares, começamos com o trabalho incansável da equipe, dando todo suporte psicológico e concluiu-se a doação múltipla de órgãos”, revela Tatiane. Importante ressaltar que o procedimento cirúrgico da retirada das córneas foi feita pela própria equipe da Santa Casa e encaminhadas ao Banco de Olhos do MG Transplante. Os órgãos foram transportados de helicóptero para o Hospital da Clínicas em Itajubá e o Hospital Felício Roxo de Belo Horizonte.
A aeronave pousou no pátio da Santa Casa, com as equipes médicas. Os procedimentos para a retirada começaram por volta de 15h30 e a concluída apenas as 20h30, com todas as captações já realizadas. Só ai é que a família pôde velar e sepultar o corpo do jovem Alessandro. “Foi uma decisão feliz da família e um momento de tristeza e extremo luto. Eles puderam acompanhar tudo de perto”.
Membros do CIHDOTT explicam que quando surge a possibilidade da doação já existe os receptores. Há uma lista de espera no Estado e é verificado a compatibilidade do paciente, com as pessoas que estão na fila aguardando. Os órgãos já saíram de Três Pontas com destino certo, com os receptores inclusive hospitalizados e precisa ser um procedimento rápido. Somente no caso das córneas que pode esperar um tempo e vai para o Banco na MG Transplantes, onde fica armazenado.
Segundo a médica intensivista coordenadora do CTI Dra. Maísa Campos, o doador precisa passar por um protocolo de morte encefálica, que é realizado dentro do CTI por uma equipe médica e de enfermagem. Depois começa o trabalho da equipe multidisciplinar, que busca saber da família a possibilidade da doação dos órgãos. Quando a resposta é positiva a CIHDOTT faz contato com a equipe de Transplantes do Estado e inicia os procedimentos para que a captação seja realizada o mais rápido possível.
Esta equipe do Estado orienta todos a equipe da unidade hospitalar para realizar todos os exames que precisam ser realizados no doador, que vão desde laboratorial até de imagem. De acordo com o resultado destes exames, a equipe direciona os órgãos que serão transplantados. Dra. Maísa comemora a captação de tantos órgãos e lembra que uma única pessoa pode salvar até 8 vidas, por isso, é sempre importante falar da doação.
O Hospital São Francisco de Assis já havia feito três captações de córneas, mas foi pela primeira vez que ocorreu a doação múltipla de órgãos na cidade.
Para o provedor da Santa Casa Michel Renan Simão Castro, este foi um dia de nascimento, data que fica marcado na história da entidade e que trouxe esperança, percebendo que todos os esforços que ele e uma equipe que assumiu a condução do Hospital vale a pena. Em março completa cinco anos que Michel está a frente da Provedoria.
Ele parabenizou a todos os envolvidos e elogiou a capacidade da equipe da Santa Casa, que demonstra que a entidade vive novos tempos. Especialmente à família do doador, ele deixou uma mensagem de gratidão, por terem proporcionado vida a muitas outras famílias. “O nosso desejo é que este gesto seja replicado às outras famílias, que sigam este exemplo, que seja uma semente plantada para outras doações que deverão acontecer”, concluiu Michel Renan.