Por Loui Jordan

É de conhecimento de todos que um dos maiores impasses do Brasil é o seu sistema educacional. Nesta segunda-feira (08), o presidente Jair Bolsonaro, através de suas redes sociais, anunciou a demissão do ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez. As perguntas pertinentes são as seguintes: por que Vélez foi demitido? A quantas anda o ministério? Quem ocupará o cargo deixado por Vélez? E a principal questão, o ministério é uma engrenagem que está falida no ponto de vista político?

Vélez é um colombiano naturalizado brasileiro, a sua demissão se deve as dificuldades de entendimento com o MEC e polêmicas que desgastaram o seu trabalho. O agora ex-ministro, enfrentava um clima tenso no maior órgão brasileiro responsável pela educação. Dentre os principais problemas estão os desentendimentos entre assessores e discursos antagônicos.

Entre algumas polêmicas, Vélez pediu para que as diretorias das escolas filmarem os alunos durante o Hino Nacional e que todo esse material fosse enviado para o MEC. Justiça seja feita, ele não deu seguimento a essa ideia e voltou atrás. O ministério está em pé de “guerra”, principalmente nos desacordos. Um número sempre é bem-vindo como justificativa para uma situação e desde janeiro, pelo menos cerca de 14 trocas de cargo foram feitas no ministério da Educação. O ministério que tantas vezes já foi criticado pela sua burocracia e falhas em suas diretrizes, um novo ministro para capitanear e embarcar no cenário da educação brasileira, deve se atentar aos trâmites políticos que cercam a estrutura interna do MEC.

A bola da vez é Abraham Weintraub. O economista foi anunciado também nesta segunda. A ideia é clara, tentar amenizar os conflitos de poder no ministério. Um ponto negativo que pesa a favor do sistema problemático da educação no Brasil, é o fato de que muitas vezes as ideias estão impregnadas de ideologias que rompem a lógica da boa política feita com o povo e para o povo. Weintraub terá a missão de fazer o “meio campo” com instituições e grupos que se destoam do pensamento proposto pelo ministério.

Todos esses ajustes óbvios que o então novo gerenciador deve sanar, são frutos de problemas enraizados em uma engrenagem seletiva e causadora de disfunções nos laços de identidade educacional do país. Não se trata de contratar um salvador da pátria para o ministério da educação. Se por um lado a medida foi emergencial e correta, por outro, é nítido que os problemas matrizes de uma engrenagem fadada ao fracasso, não se tornarão exequíveis da noite para o dia. Bom lembrar que nem um governo vai afirmar categoricamente a presença de uma solução perfeita para um problema, no entanto, o que se faz crucial no estágio político do Brasil agora, é lapidar uma cultura política que consiga ecoar por todas as áreas de educação.

A ausência de bom senso em alguns momentos e a falta de “sintonia” com instituições educativas do país, faz com que o ministério da Educação se torne deficitário em seu mecanismo de gestão e aplicação. O problema do Brasil é estrutural e a demissão de Vélez já era esperada. Bolsonaro fez o que deveria ser feito, ou seja, o imaginável por qualquer um, o problema é que para modificar o sistema de educação no Brasil implica em romper bases que muitas vezes possui um peso considerável nas decisões do ministério.

Por fim, não se sabe como ficará a educação com o Weintraub no “comando”. O governo está tomando as devidas medidas para corrigir os problemas naturais de um mandato, o maior cuidado deve ser com as relações e com a comunicação de um setor para outros setores. Há necessidade de um organizador com uma boa leitura administrativa nas esferas internas, que pratique uma política mais coletiva nos bastidores e isso será primordial.